Page 73 - Livro de Resumos
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Os recursos linguísticos que constroem o posicionamento nos textos dos manuais de História
Marta Filipe Alexandre CELGA-ILTEC / ESECS-IPL Fausto Caels CELGA-ILTEC; ESECS-IPL
O conhecimento especializado da História incide não apenas sobre aquilo que aconteceu no passado, mas também sobre o modo como avaliamos o que aconteceu (Rose e Martin 2012). Assim, uma parte significativa do currículo consiste em interpretar e expressar avaliação sobre o significado dos eventos do passado (Martin e Wodak 2003 (eds); Martin, Maton e Matruglio 2010). Segundo Coffin (2006), a análise da prosódia da avaliatividade construída dentro dos textos de História permite compreender e descrever o modo especializado de expressar interpretação e avaliação. Como consequência, a abordagem linguística pode apoiar professores e alunos na progressiva especialização neste campo do conhecimento.
O presente trabalho propõe uma explicitação preliminar dos recursos linguísticos envolvidos na construção da avaliação sobre acontecimentos violentos do passado, por meio da análise de textos de manuais escolares portugueses do 5.o ao 9.o anos de escolaridade. Foram escolhidos 17 textos de manuais recentes que lidam com eventos violentos do passado do Portugal e de outras nações europeias.
Seguindo o modelo da semântica do discurso da Linguística Sistémico-Funcional e aplicando, em particular, as categorias do sistema da Avaliatividade (cf. Martin e Rose 2008; Rose e Martin 2012), realizou-se uma análise qualitativa. Dos resultados destacam-se, por um lado, a diversidade de recursos linguísticos que constituem marcas explícitas de polaridade negativa e, por outro, a construção verbal de posicionamento implícito por meio de recursos linguísticos que constituem marcas de polaridade negativa e positiva.
Com base na análise, defende-se que a expressão do posicionamento nos textos da História envolve dois tipos de desafios complexos: (i) aceder e interpretar a diversidade de recursos linguísticos empregues e (ii) acompanhar os movimentos de transição entre posicionamento implícito e posicionamento explícito. Neste sentido, conclui-se que é urgente a descrição e análise discursiva dos textos da História e a produção de materiais de divulgação, tarefas estas que pressupõem um trabalho articulado entre linguistas e professores.
Palavras-chave
posicionamento, Avaliatividade, conhecimento da História, manuais escolares
Referências
Coffin, C. (2006). Historical Discourse – The Language of Time, Cause and Evaluation. London, New York: Continuum.
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