Page 63 - Cabalá Hermética
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CABALÁ | CABALÁ HERMÉTICA | SEÇÃO 03 – A ÁRVORE DA VIDA E A QUEDA ADÂMICA
O véu mais distante desta abstração é chamado de Ain, um aspecto divino tão imenso que foi chamado pelos cabalistas de Nada, tal como um sono profundo sem sonhos, escuro, em trevas, eterno. Diz o Zohar:
Antes de ter criado nenhuma forma neste mundo, antes de ter produ- zido nenhuma forma, Ele estava só, sem forma, sem assemelhar-se a nada. Quem entenderia como era Ele, então, antes da criação, já que Ele não tinha forma?
Porém, é importante enfatizar que este “nada” não é algo vazio, oco ou estéril. Pelo contrário, é algo tão fértil, potencial, repleto de infinitas possibilidades de “vir a ser”, que para nossa mente finita e limitada tor- na-se incompreensível.
O segundo véu é chamado de Ain Sof, ou nada ilimitado, e pode- mos associar este conceito àquela sensação que temos antes de acordar, quando saímos do sono profundo e a mente ainda adormecida começa a perceber a existência do espaço infinito. Por fim, o terceiro véu é chamado de Ain Sof ou Luz Ilimitada. Neste ponto, a luz começa a ser percebida e passa a preencher toda a imensidão. Vejamos este conceito em outras palavras:
Para o Ser nunca houve começo, pois o nada não pode dar origem a alguma coisa. Tudo era trevas antes de surgir a luz. A luz, porém, não veio das trevas, pois as trevas são a ausência da luz. A luz é um atributo do Ser, uma vez que o Ser é sempre luminoso na irradiação de sua energia, causada por seus ininterruptos esforços para existir. A luz não tinha calor, e assim o Ser era insensível. A luz não tinha re- flexo, e assim o Ser não tinha forma. Em seu eterno movimento o Ser expandiu-se [...]
Ain, Ain Soph e Ain Soph Aur
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