Page 12 - Livro de Resumos
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Reflexões sobre antonímia: uma visão a partir dos documentos reguladores do ensino básico e de manuais escolares dos 1.o E 2.o CEB
Sílvia Braga de Oliveira Ana Rita Meireles Celda Choupina Adriana Baptista
ESE/PP ESE/PP ESE/PP ESMAD/PP
A definição de antonímia centra-se, essencialmente, na noção de oposição entre palavras quanto ao seu significado. Apesar de apresentar um caráter redutor, esta dicotomização de sentido constitui um traço essencial da língua, representando um dado relevante na estruturação do léxico. Adotando como pressupostos a flexibilidade do léxico, sua aquisição espontânea e competência lexical enquanto aquisição de conhecimentos relativos à forma e ao significado das palavras, problematizaremos a noção de antonímia, procurando entender a diversidade de relações de antonímia como promotora da compreensão da diversidade de relações de palavras e analisaremos a abordagem das relações de antonímia nos documentos oficiais e em materiais didáticos. Neste sentido, partimos do entendimento de léxico enquanto conjunto heterogéneo e dinâmico de unidades que formam uma língua e estão ao serviço da atividade verbal humana, realçando que as palavras traduzem uma visão do mundo e, por isso, justificam a diversidade e flexibilidade de relações (Vilela, 1979). É essencial compreender como o léxico se organiza em múltiplas redes semânticas que se cruzam e denunciam a flexibilidade patente, motivo pelo qual, destas relações, nos centraremos unicamente na antonímia e realçaremos que a sua definição não pode conduzir a uma visão compartimentada das palavras e seu significado (Choupina, Baptista & Costa, 2013).
Partindo do seu caráter redutor, definido como oposição de significado entre lexemas (Lyons, 1977, como citado em Vilela, 1982), distinguiremos desde logo relações de contraste binário e não binário, onde se inserem, respetivamente, as relações graduáveis (ex. baixo/alto), complementares (ex. casado/solteiro), recíprocas (ex. mãe/filho) e de oposição direcional (ex. ir/vir), bem como os conjuntos ordenados serialmente numa escala ou em graus e os conjuntos ordenados ciclicamente (ex. meses do ano) (Vilela,
1982). Considerando a abordagem teórica, analisaremos o que preconizam os documentos reguladores, nomeadamente qual a visão do mundo que veiculam e qual a proposta de abordagem à antonímia. Paralelamente, consideramos essencial observar as sugestões didáticas nos manuais escolares dos 1o e 2o CEB, atendendo a que continuam a ser os principais suportes do ensino e da aprendizagem. Para tal, analisamos doze manuais escolares, desde o 1o ano até ao 6o ano, dois manuais por cada nível de ensino, registando noções de antonímia, exemplos e sua caracterização e tipologia de exercícios.
Registamos, ainda, a abordagem longitudinal de outras relações de palavras em contraste com a de antonímia. Esta recolha de dados permitiu concluir que tanto os programas como os manuais
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