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José Paulo – Decisão Ideal    José Paulo – Decisão Ideal


 de do casal, além do foco no trabalho para manterem o lar. Logo,   tunidades. Um dos meus tios conseguiu emprego em uma grande
 a casa de meus avós começou a se encher de alegria e a primeira   empresa de tratores e passou a arrumar trabalho para seus irmãos
 filha a nascer foi minha querida mãe, Cleusa, que por muitos anos   lá também; praticamente toda a renda da família girava em torno
 foi o braço direito da família. Ela dividia sua infância entre o   do trabalho nessa empresa, e eles eram gratos por essa oportuni-
 trabalho na roça, o cuidado com os irmãos e o tempo que restava,   dade.
 aos estudos.  Quando havia festa junina na empresa, lá estava nossa família

 Minha mãe sempre compartilhou comigo que o trabalho duro   reunida, afinal todos trabalhavam ali. Eu frequentava as festas des-
 mantinha uma casa repleta de pessoas, que eram meus avós e seus   sa empresa e o que me encantava eram as máquinas enormes, sem
 doze filhos, sendo dois deles adotados. Todos os filhos, aos seis   falar nas guloseimas que serviam nas festas. Brincadeiras à parte,
 anos de idade, começavam a trabalhar com meu avô na roça, en-  com doze anos decidi que iria trabalhar ali também.
 quanto minha avó cuidava dos afazeres da casa. Nem sapatos ti-  Se tem uma frase que eu sempre cito é “decisões decidem desti-
 nham, mas possuíam garra, determinação e felicidade.
          nos”, e ali estava um garoto decidido. Mesmo criança, nada para
 Meu avô, um homem de bom coração, arrendou seu sítio para   mim poderia ser feito de qualquer forma, se fosse para trabalhar
 que com o dinheiro pudesse auxiliar uma pessoa necessitada, mas   naquela empresa, que fosse da melhor maneira. Então, consegui es-
 infelizmente essa pessoa não o pagou e toda a família ficou sem   tudar no Liceu de Artes e Ofícios e manter o foco no meu objetivo,
 um lar e sem uma terra para trabalhar. Porém, como já relatei,   que era trabalhar na empresa de tratores.
 determinação e fé eram o que movia esta família, que foi acolhida   Logo, lá estava eu como o mascote da minha família, trabalhan-
 por um casal da região, e não desistiram.  do na mesma empresa; agora eu não era mais convidado das festas,
 Mal sabiam o que estava por vir no dia 17 de abril de 1971, uma   e sim fazia parte de tudo aquilo como eu havia decidido e planeja-
 fatalidade tiraria a vida do meu avô. Naquela ocasião toda a cidade   do. Tenho certeza de que a determinação e a fé dos meus avós me
 se comoveu, mas a família continuou unida. Mais uma vez, a fé e   acompanham até hoje.
 a determinação prevaleceram e minha querida avó Lázara, grávida   Mas antes de terminar este capítulo, não posso deixar de fa-
 da filha mais nova, tomou as rédeas da situação e manteve todos   lar do meu avô paterno, Júlio Pereira da Cruz, homem íntegro,
 juntos e com o mesmo objetivo, que era ter uma vida de muito   trabalhador de bom coração, foi militar no Nordeste e exercia a
 trabalho e integridade.  função de poceiro. Imagine o desafio que era cavar poços nas casas

 Os anos se passaram até que chegou o momento de minha mãe   nos anos 50, que era comum na época. Nem todos sabiam fazer
 formar sua própria família ao conhecer meu amado pai, José Pe-  isso, mas essa era a única forma de captação de água em algumas
 reira, policial militar, homem íntegro, disciplinado, rigoroso, mas   localidades.
 muito protetor. Casaram-se e vieram para São Paulo, então se abriu   Meu avô, com sua simplicidade, mesmo sem saber ler e escrever
 a possibilidade de os meus tios tentarem a vida nesta terra de opor-
          possuía grande sabedoria, conhecia muito sobre a Bíblia, era adep-

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