Page 8 - Anuário Estatístico da Companhias Abertas 2017/2018
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    Editorial Editorial
      ALFRIED PLöGER*
Por que o nosso mercado é tão pequeno?
O Centro de Estudos do Ibmec elaborou, para esta edição do nosso Anuário, um estudo, assinado por Carlos Antonio Rocca e Lauro Modesto, mostrando que a permanência de
juros reais por períodos longos inibe fortemente o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Realmente isso impacta fortemente os investimentos em renda variável, onde o risco é relativamente maior e sofre concorrência de títulos públicos.
Embora esse não seja o único fator a ser levado em conta, não surpreende a ocorrência de uma clara tendência negativa do número de empresas listadas em bolsa nos últimos dez anos. Neste período, o número de cancelamentos de registro supera em larga margem as aberturas de capital, provocando a redução do contingente de empresas listadas.
No entanto, existem outros fatores que afetam esta decisão, entre eles o elevado custo de se manter uma empresa aberta e o excesso de regulação.
Nos últimos anos, a Abrasca vem alertando sobre os normativos dirigidos às companhias listadas, que adotam uma orientação prescritiva, determinando como as empresas devem se estruturar e que práticas devem pautar sua atuação. É um modelo intervencionista e detalhista, baseado nas visões e prioridades das entidades governamentais, dos entes reguladores e autorreguladores.
Defendemos uma orientação bastante diversa: a regulação e a autorregulação devem apontar as questões sobre as quais as companhias terão a obrigação de dar transparência. Deve caber aos investidores avaliar se os padrões escolhidos pelas companhias são satisfatórios e precificá-los.
Essa opção, ou seja, um modelo informativo, torna a regulação e a fiscalização menos onerosas. Partimos da premissa que o mercado de capitais funciona, bastando que as informações necessárias estejam publicamente asseguradas.
Não é de se estranhar que de um universo de mais de 16 milhões de empresas no Brasil, segundo dados do IBGE, apenas 350 estejam listadas na Bolsa. Portanto, a solução para a promoção do mercado de capitais no Brasil tem que partir de uma reflexão sobre as razões pelas quais mais empresas não o consideram como alternativa de financiamento.
Torna-se necessário fazer um amplo estudo envolvendo as instituições que formam o mercado de capitais, cujo objetivo seria
 Why is our market so small?
The Ibmec Study Center has prepared a study by Carlos Antonio Rocca and Lauro Modesto for this edition of our Yearbook, demonstrating that the permanence of high real interest rates for long periods significantly inhibits the development of the Brazilian capital market. This impacts heavily on variable income investments, where the risk is relatively greater and there is competition from government securities.
Although this is not the only factor to be taken into account, it is not surprising that there has been a clear negative trend in the number of companies listed in the stock exchange in the last ten years. In this period, the number of cancelled registrations has far exceeded those going public, causing a reduction in the number of listed companies.
However, there are other factors that affect this decision, among them the high cost of keeping a company open and the excess of regulation.
In recent years, Abrasca has warned about the regulations directed at listed companies, which adopt a prescriptive orientation determining how companies should structure themselves and which practices should guide their operation. It is an interventionist and detail-oriented model, based on the visions and priorities of government entities and regulating and self-regulating bodies.
We defend a quite different orientation: regulation and self-regulation should address the issues on which companies will be required to provide transparency. It should be up to investors to assess whether the standards chosen by the companies are satisfactory and to price them.
This option, namely an informative model, makes regulation and supervision less burdensome. We assume that the capital market works, provided that the required information is publicly guaranteed.
It is not surprising that out of a universe of more than 16 million companies in Brazil, according to data from the IBGE (the Brazilian Institute of Geography and Statistics), only 350 are listed on the Stock Exchange. Therefore,
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