Page 974 - ANAIS - Ministério Público e a Defesa dos Direitos Fundamentais: Foco na Efetividade
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Simplicidade é a essência da boa arte, de modo que, simplificar estruturas ajuda a tornar

                  nosso mundo multiforme mais compreensível. Detalhes e minúcias podem distrair; às vezes, a
                  solução simples é a melhor. Assim, um programa de alinhamento não precisa ser mirabolante,

                  minuciosamente esquemático e recheado de sutilezas técnicas, para ser uma concepção efetiva.
                  Quanto mais simples, mais acessível será à compreensão do servidor. É preferível o bom senso

                  à técnica. Um bom programa pode ser explicado em 10 minutos ou lançado em poucas páginas.
                  Caso contrário, não é bom (quanto menos conteúdo tem, mais longo é).

                         À  medida  que  se  aproxima  de  exigências  resolutivas,  o  Ministério  Público  precisa

                  conferir  uma  maior  atenção,  a  nível  interno,  à  dimensão  humana  (Porter,  1980,  p.  252).
                  Mecanismos organizacionais são necessários para para formar uma maior identificação e uma

                  maior  lealdade  com  relação  à  instituição,  sendo  necessário  desenvolver  dispositivos

                  motivacionais mais engenhosos do que aqueles que, no passado, foram suficientes. Apoio e
                  estímulos internos são indispensáveis para substituir os estímulos e as recompensas do passado.

                         O que indicamos ao longo dessas linhas é apenas uma ideia, um esqueleto a ser coberto
                  de carne, com as ricas vivências do dia a dia gerencial, as habilidades humanas e conceituais

                  dos gestores. É óbvio que as estratégias institucionais de alinhamento dos stakeholders internos
                  não devem ser desenvolvidas de forma intuitiva, mas através de um pensamento controlado e

                  consciente, a partir de um processo complexo, interativo e evolucionário, melhor descrito como

                  um  aprendizado  adaptável.  Intuição  e  improvisação  são  inimigas  conceituais  de  qualquer
                  estratégia.

                         Não é uma tarefa fácil criar um comportamento alinhado e engajado dos servidores
                  auxiliares de uma instituição às novas estratégias, principalmente se o staff já vem, há muito

                  tempo, contagiado por velhas práticas. Mudar mentalidades, atitudes e comportamentos não é
                  um trabalho que se faça da noite para o dia, até porque nunca devemos ter pressa de enterrar

                  ideias  e  crenças  que  foram  poderosas  um  dia.  As  raízes  dessas  ideias  se  estendem,

                  poderosamente, por todos os lados. Estudos de psicologia social revelam (Mintzberg, 1994, p.
                  33;  Hersey/Blanchard,  1974,  p.  02-03;  Clarke,  1970,  p.  154)  que  para  mudar  uma  pessoa,

                  precisamos  antes  "descongelar"  suas  crenças  e ideias mais  básicas.  Uma vez que as  ideias

                  preconcebidas são banidas, o resto é simples. A partir disso, seguem-se dois estágios: "mudar"
                  as crenças e "recongelar" em torno das novas crenças (tudo dentro de um ciclo contínuo de

                  aprender, desaprender e reaprender). Não podemos apenas inspirar pessoas a serem melhores.
                  De alguma forma, é necessário mudar a forma como pensam (não, por óbvio, através de











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