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Obras de arte com Textos  produzidos por alunos

              Os textos foram produzidos por alunos de duas turmas do 12º ano (LH1 e LH3) em contexto de aula
          de História A e de lecionação de conteúdos programáticos do domínio 7 (CRISES, EMBATES IDEOLÓ-
          GICOS E MUTAÇÕES CULTURAIS NA 1ª METADE DO SÉC. XX), subdomínio "Agudizar das tensões
          políticas e sociais a partir dos anos 30", unidade "Os fascismos: teoria e práticas".
          No caso dos dois textos de alunos do 12º LH1, a sua produção foi igualmente uma atividade relaciona-
          da com o projeto de Cidadania e Desenvolvimento da turma (Interculturalidade).











                                                                                          OBRA 01
                                                                                          Artista: Ceija Stojka
                                                                                          Título da obra: 1944
                                                                                          Ano: 2010
                                                                                          Técnica: técnica mista
                                                                                          sobre papel
                                                                                          Local: Sintra, MUSA -
                                                                                          Exposição Ceija Stojka










                                                  TEXTO 01 : Nós e Eles
              Não conseguimos conceber eufemismo maior que Solução Final. Esta mancha horrenda presente na história
          da humanidade foi um plano efetivo para erradicar, sobretudo, mas entre outros, a população judaica.
          Antes de analisarmos efetivamente, peço atenção para a expressão – solução: resolução de uma dificuldade, ou
          problema; final: que põe termo, último, derradeiro. Em questões práticas, o título faz jus, isto é, existia um proble-
          ma (ameaça) para o fascismo, que tinha de ser resolvido de forma derradeira e eficaz. E se há coisa que o siste-
          ma fascista não pode ser acusado é de falta de eficácia. O que é aterrador. Todos os pormenores estavam pen-
          sados, todas as etapas estavam conseguidas, tudo estava perfeitamente monopolizado. E se não estivesse iria
          estar, brevemente, através da força, da opressão, do medo.
          Neste momento/plano concreto, custa-me crer que todas as pessoas envolvidas apoiavam esta violação brutal do
          que é a humanidade. Não acredito que o condutor do comboio, um mero polícia, um secretário, tivesse intrinseca-
          mente a crueldade a tal nível. E muito provavelmente não tinham, mas o sistema estava tão bem feito, a hierar-
          quia estava tão bem cimentada, que resultava.
          Na competição entre vidas e poder, nos sistemas totalitários, o glorioso é óbvio: o poder.
          Mas como é que Vidas malogram? Reduzindo-as a número? Enfatizar as diferenças que existem entre Vidas e
          demonizando-as? Plantar a semente do ódio e outros ideais e ir cuidadosa, esperta e estrategicamente regando-
          a? Talvez.
          Mas, para além do terror que é a estratificação do sistema, reflito sobre o terror da cronologia.
          1945. 76 anos. Entre nós e eles. Amedrontante é.
          Todos os dias, há milhares de crimes contra a Humanidade, é importante ter consciência disso e agir em confor-
          midade. Do mesmo modo que é importante ter consciência da história e das suas atrocidades. Por muito que nos
          custe, que nos envergonhe, a nós, Humanidade, não podemos perder a lucidez. Tem de ser um facto presente. E
          temos de olhar para ele não anacronicamente, mas reflexivamente e criar instituições fortes e cidadãos informa-
          dos e com criticismo, para que a história não seja cíclica.
                                                                                 Rodrigo Santos, Sofia Morgado

                                                                 (alunos CCH – Línguas e Humanidades, 12.º ano)

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