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No dia 5 de junho de 1981, o Centro de Controlo de Doenças de Atlanta (CDC), nos Estados Unidos,
         investigou e observou clinicamente, pela primeira vez, uma estranha pneumonia em cinco jovens ho-
         mossexuais.
             Inicialmente, era apenas uma estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema
         imunológico muito debilitado; depois passou a designar-se “cancro homossexual” e, por fim, Síndrome
         da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), em português SIDA, que se propagou a nível mundial.
             Passaram já quarenta anos desde a descoberta do vírus da SIDA, no entanto a controvérsia e a de-
         sinformação a nível social, político, económico e moral mantêm-se, e continuam a condicionar a investi-
         gação do vírus.
             O filme E a banda continua a tocar retrata de forma sucinta as dificuldades enfrentadas pelos epide-
         miologistas em perceber e isolar o vírus. Não obstante todo o esforço do Centro de Controle de Doenças
         (CDC) de Atlanta e de algumas outras entidades para resolver este enigma, a verdade é que muitos en-
         traves e barreiras foram erguidos contra o avanço da investigação.
             Não podemos esquecer que, na década de 80, a comunidade homossexual era extremamente ataca-
         da e vítima de preconceitos. São Francisco, nos EUA, surgia então como um “porto seguro” onde a co-
         munidade homossexual se sentia menos humilhada e marginalizada. Pouco tempo antes, tinha garanti-
         do um pouco da sua liberdade que, com o aparecimento da SIDA, estaria posta em causa. Por essa ra-
         zão, a comunidade homossexual tomou as medidas de contenção do vírus como uma afronta ou um es-
         tratagema para “a colocar novamente no armário”, o que significaria voltar à clandestinidade.
             Desde logo, o facto de o presidente dos EUA, Ronald Reagan, ser muito conservador, levou a que
         não se pronunciasse e até menosprezasse a gravidade da doença, o que colocou entraves não só políti-
         ca, mas também economicamente. Sabemos que o trabalho de investigação requer muitos recursos e
         sem eles é impossível identificar, analisar, conter e principalmente provar a existência da doença e a sua
         forma de contágio.
             Além das dificuldades já assinaladas, convém ainda referir que a competição entre as comunidades
         científicas francesa e americana, a burocracia para chegar a um entendimento geral, os padrões sociais
         e culturais da época, a igreja conservadora, mas também a classificação da doença como castigo divino
         ou entendida como uma “punição”, e o estigma da “doença das pessoas desviadas” foram alguns dos
         factos que contribuíram para o atraso na investigação.
             Como a incidência, no início, era predominantemente entre homossexuais, suspeitou-se que houves-
         se relação entre a doença e este estilo de vida. No entanto, não tardaram a surgir casos entre heteros-
         sexuais, hemofílicos e até crianças recém-nascidas.
             As  principais  características  epidemiológicas
         continuaram a sugerir que a doença era infeccio-
         sa, transmitida por via sexual e parental. Foi en-
         tão que se identificaram semelhanças com o Ci-
         tomegalovírus,  Epstein-Barr  e  a  Hepatite  B,  no
         entanto, os epidemiologistas acabaram por con-
         cluir que se tratava de um vírus novo.






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