Page 10 - LIVRO - A VIDA TEM DESSAS COISAS
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Lá se vai Jandira. Outra mulher. Muito diferente daquela do dia a dia.
Sabendo que seria entrevistada, Jandira imaginou algumas perguntas
que fariam a ela e formulou algumas respostas possíveis para as possíveis
perguntas. Todo esforço era porque precisava demais daquela vaga.
Na antessala um painel que indicava o número e não o nome de quem
devia entrar para ser entrevistado. O nome de Jandira era 190. Saiu um, depois
outro, Jandira observou que saiam um tanto pálidos, mas imaginou que fosse
do ar refrigerado que resfriava a sala do pessoal do RH para que eles
mantivessem a pose e lhes desse mais conforto.
A sala se abre, o 190 é chamado. Senta-se e a bateria de perguntas se
inicia.
Entrevistadora: Bom dia. Seu nome é?
Jandira: Jandira.
Jandira: Bom dia. E seu nome é qual?
Entrevistadora: Chame entrevistadora. Precisamos manter a impessoalidade.
Jandira: Então a senhora deveria me chamar de entrevistada, não?
Entrevistadora: Não. Aqui eu sou a superior.
Mas prossigamos...
Entrevistadora: Jandira como você se imagina em nossa empresa daqui a
cinco anos?
Jandira: A senhora entrevistadora então está afirmando que já estou
contratada?
Entrevistadora: Não disse isso.
Jandira: Então como posso me imaginar na empresa daqui a cinco anos se
nem entrei ainda?
Entrevistadora: Jandira o que você pretende em nossa empresa?
Jandira. Trabalhar. Preciso me sustentar, a meus filhos e ajudar meu marido
nessa dura empreitada. Não é o mesmo com a senhora, entrevistadora?