Page 12 - Letras da Maio
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CANTO QUINTO E MEIO PRIMAVERA DOS POEMAS
Tu, oh titã rochoso, Chegas, serena e cheia de beleza,
Protetor das águas do fim do mundo. Fecho os olhos p’ra sentir.
Força intransponível Teus passos são, tenho a certeza,
Que se impõe no caminho glorioso Anda, vem, eu quero ouvir!
Da vontade de el-rei D. João II
Campos com flores a crescer
Sofres da mais humana das doenças: Pintalgados aqui e ali.
A infeção da alma Quem mais poderia ser?
Que sentir o amor demanda. És tu! Eu já te senti!
Encarcerado nessas paredes imensas
Choras porque ainda a amas. Primavera de mil tons,
De uma beleza encantada,
Gigante, torna-te marinheiro Paro e escuto os teus sons,
Desta maravilhosa frota; E fico deslumbrada, estonteada!
Deste povo que quer fugir da derrota
Que é jazer na memória do mundo Manhãs frescas e orvalhadas,
Como nevoeiro. Com muito brio e primor.
São as tuas gargalhadas
Utiliza a dor que carregas Que pintas com tanta cor!
Para quebrar essas correntes de rocha e amargura.
E ajuda este povo que renegas, Escuta comigo e sonha,
Capaz de gravar o teu nome O que acabamos de ouvir?
Na épica escritura. São os pássaros, são as folhas? 12.
Não, são teus lábios a sorrir!
Com sal das tuas lágrimas, Vejo uma teia a brilhar,
Salga os nossos alimentos. Quem a fez com tanto amor?
Com a tua ira tempestuosa, Vejo a floresta a sonhar
Atiça o coração dos moribundos. E a emanar o teu odor!
Do desassossego cria maravilhas.
Tocas nas folhas com calma,
Usa a dor como impulso para a glória. És meiga, doce e carinhosa,
A alma degredada, Sei tudo o que te vai na alma,
Triste e atormentada Minha vaidosa Primavera!
Como prego.
E o corpo flagelado Das tuas mãos sai a vida,
(Lousa em pele da nossa história) Do teu coração sai amor,
Como martelo Primavera és tão sentida
Para pregares os caixões dos nossos inimigos. Nas pétalas de cada flor.
Marinheiro de águas infernais, Sopras uma brisa amena
O povo português sente a tua angústia. Porque gostas de dançar, Guilherme Correia – 8º F (1º prémio Couto Viana, Poesia)
E sendo mais do leme aqui do que eu,
Inês Barros, 10º J (1º prémio Couto Viana, Poesia) Abre os portões marítimos do Índico, Ai Primavera dos poemas,
Até a flor mais pequena
Suplicamos-te, com a maior das bravuras e simpatia
Serpenteia p’ra te acompanhar.
Que Deus nos concedeu:
Deixando-nos passar.
Consigo ouvir-te declamar…
Tudo para ti são temas,
E gravo aqui, através desta espada
Em teu regaço eu quero estar!
E do sangue que por ela escorre,
Que te tornarás
No mais elevado símbolo de esperança
Da nação de Portugal.