Page 231 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 11.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-1_Neat
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sob os raios claros e escuros incidindo nas estalactites e estalagmites e nos
farrapos de películas úmidas a se refletirem em formações fantásticas
espalhadas aqui e ali sobre o piso, paredes e teto.
E em suas andanças entre os paredões de pedra chegaram ao patamar na mais
alta montanha, onde, agora ocultos por um vão escuro, Cesar e seus amigos
observavam Odaye Therak.
E Odaye Therak era um ser alado.
Ele estava solitário naquela espécie de varanda que se estendia quase três
metros além dos limites da caverna em que habitava e suportava a longa
espera distraindose a observar a própria sombra projetada sobre o piso de
rocha bruta.
Os raios do sol, minimamente deslocados da posição em que marcariam
exatamente o meio do dia, faziam sua sombra achatar-se até se parecer à
silhueta de um tronco compacto, com um penacho cômico se erguendo do alto
da cabeça e com a protuberância escura do contorno do dorso onde lhe
nasciam as asas.
Do local próximo, camuflados entre os vãos da rocha, Cesar, Loop e Mahoo
espreitavam o ser magnífico e comparavam às deformações ilusórias da
sombra sobre o piso de pedra aos atributos do ser real.
Racionalizavam o próprio espanto classificando Odaye Therak como um
homem com asas e Cesar reconhecia que tal descoberta ameaçava encher de
significado a sua vida até ali considerada injustificável, mas agora na
iminência de se justificar.
A isso, seguiu-se o raciocínio de que classificar o ser alado como um homem
com asas seria rigorosamente errado, porque nada autorizava afirmarem que
aquele indivíduo extraordinário seria de fato um ser humano do sexo