Page 356 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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espaços no espaço com o fundo azul dos céus e com os picos nevados das altas
                      montanhas,  marcando  pontos  específicos  em  que  lutas  travestidas  de
                      coreografias aéreas alimentavam a morte com sua beleza irreal e trágica.


                      E o som infinito, constante como se fosse a única coisa confiável, ao lado do
                      céu  sereno  e  das  montanhas  imutáveis,  fazia  fundo  para  as  cenas do  balé
                      macabro, mas ainda assim cheio de leveza e graça. E Cesar se envergonhou
                      por não conseguir se horrorizar totalmente e não conseguir desviar os olhos
                      do espetáculo de morte e destruição e achar nas imagens tristes, a delicadeza,
                      a  sincronia  e  o  encaixe  perfeito  dos  corpos  soberbos  dos  seres  alados,
                      entrelaçados nos seus encontros para a destruição.

                      Mantos e Livres lutavam  pelo poder. Uma luta que  começara anos antes,
                      ainda durante o governo de On-Himar, que fora um líder forte, dominador e
                      que tivera a força para manter o poder dentro da sua linhagem fazendo seu
                      sucessor o seu primeiro filho, o soberbo Odaye Therak.

                      Mas as emanações da guerra vinham de antes, muito antes de On-Himar e das
                      críticas  que  os  sábios  e  poderosos  Conselheiros  Mantos  lhe  dirigiam  por
                      reconhecerem nele os indefensáveis comportamentos inadequados à sociedade
                      Res Sas.

                      On-Himar era pai de quatro filhos, mas apenas o primeiro o tivera com sua

                      companheira  legítima,  e  foi  a  esse  filho  que  On-Himar  fez,  com  rara
                      habilidade de governante manipulador, herdar seu lugar de poder. Os outros
                      filhos,  todos  meninos,  eram  de  uniões  com  jovens  aladas  cujas  famílias

                      desejavam para elas mais do que o concubinato com o velho líder e mais do
                      que filhos que seriam apenas reconhecidos como de uma descendência nobre,
                      mas sem a possibilidade de ascenderem altas posições entre os alados Mantos
                      por não serem primogênitos.

                      Ojan-Rajak era seu quarto filho, fruto da união com a sua última conquista,
                      a jovem Anar-Asran.
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