Page 38 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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do felino em direção à saída. Seguiu-o a raposa e ambos chegaram ao platô
movendo-se com extrema atenção e cautela e mantendo sob vigilância
constante a rocha em frente que suportava o mistério da presença translúcida.
Partiram rápidos, cada qual para uma direção, em busca do alimento e da
água necessários.
Como antes, Cesar Astu Ninan esperou.
Assim passaram-se mais horas e seus dias, infinitos instantes em infinitos
momentos que, para Cesar, em espírito, transcorreram como num sonho. Até
que o medo deixou de invadir os corações com a insistência costumeira e os
animais, muito embora ainda estivessem cientes da existência do ser invisível
a observá-los, se acostumaram com ele, confiando na sua tranquila
imobilidade.
Então, num entardecer, daqueles tantos que se sucederam, Loop e Mahoo
voltaram da sua ronda diária e ao invés de correrem para a segurança do
interior da caverna, deixaram-se ficar sobre o platô, estirados em descanso.
“___Por quanto tempo ainda teremos que esperar?” Perguntou a raposa
enquanto se distraía com um pedaço de osso velho esquecido entre os baixos
arbustos que venciam a dureza da rocha e insistiam em crescer entre as
fissuras. Mahoo não respondeu imediatamente, fixou os olhos âmbar no
enganador vazio no alto da rocha vermelha, sentiu a presença que já se
tornara familiar e pensou que talvez sua espera já não devesse ser tão
prolongada. Para a raposa, respondeu.
“___Pequena Morte não falou sobre prazos, ou esperas. Cuidamos muito mais
dos fatos do passado e certamente do que virá no futuro.”
“___Bem, bem...” ponderou a raposa sem desviar sua atenção do osso seco,
“___pelo que sei, a chegada do pássaro Tilsith Teray sempre é notada com algum
estardalhaço.
De maneira que saberemos com certeza, quando for chegada à hora.”