Page 55 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Não que pudesse dizer que desconfiava de crimes. Seria exagero. Mas sabia,
                      podia sentir que nos últimos tempos havia algo de escuso, fora de foco, alguma
                      coisa definitivamente errada vinha acontecendo no Clube Internacional de
                      Havanófilos.


                      E agora não conseguiria mais ignorar este fato.

                      Com um suspiro de cansaço o Gatopardo se ergueu da sua poltrona favorita e
                      colocou firmemente o anuário com seu encarte e o bilhete inquietante sobre
                      uma bonita escrivaninha, no canto da biblioteca em frente a uma das janelas.

                      Olhou em volta.

                      As poltronas de couro com as mesas aparador já estavam preparadas para a
                      reunião  de  todos  os  sábados.  Seus  confrades  viriam  para  a  degustação  de
                      puros, para um suntuoso jantar e, em seguida, para nova rodada de charutos,
                      num ritual que poderia durar horas infinitas. Então ele teria oportunidade de

                      tentar sondar sobre os últimos acontecimentos no Clube.

                      Durante a conversa, entre uma palavra ou outra, sem despertar alardes e, se
                      possível,  sem  revelar  o  bilhete  desagradável.  Procuraria  por  uma  pista.
                      Alguma revelação de um ou outro episódio não totalmente esclarecido, ou até
                      algum rumor de escândalo ou talvez a desconfiança de alguma atitude que
                      não ficara bem entendida ou que parecera de má fé.

                      Seus amigos, os confrades, frequentavam o Clube com alguma regularidade
                      ou ao menos muito mais do que ele. Talvez soubessem de alguma coisa, se
                      houvesse alguma coisa para saberem.  E lhe diriam, se ele perguntasse.

                      Com este pensamento Victor Gatopardo resolveu que já era hora de ir dormir.
                      Agora que já havia decidido uma linha de atuação, acreditava que conseguiria
                      tirar da mente a acusação do bilhete anônimo e teria uma boa noite de sono.


                      Victor não tinha como saber que naquele preciso momento, muito distante
                      dali, a mente doente de Cesar Astu Ninan se voltava contra ele próprio para
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