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Era ela também, como César, uma consciência fora do corpo, mas ao contrário
do seu tio avô, Isabeau estava consciente da própria consciência. Observando-
se, definindo-se e dominando-se, a si e a sucessão das providências que
precisava tomar.
Assumiu as decisões como se estivesse apartada dos acontecimentos,
assistindo a si mesma, conseguindo uma lucidez extraordinária e mantendo
uma calma muito necessária.
Ao comandar as ações do pelotão de seguranças que os acompanhavam a
Cesar e a ela própria, e que se imobilizou naquele instante de perplexidade, ao
responder as inúmeras perguntas dos paramédicos que corriam com o corpo
desfalecido de Cesar para a ambulância, ao resolver toda a burocracia do
internamento e principalmente saber o que dizer ou não dizer para a legião de
repórteres e fãs que se materializaram como num passe de mágica, Isabeau
assumiu uma definitiva transformação de ser.
Ao enfrentar a multidão desde o caminho de curvas e desníveis até os
infindáveis labirintos dos corredores do hospital, Isabeau assumiu uma força
que haveria de acompanhá-la dali em diante até o final de seus dias. Com
César Astu Ninan era muito diferente.
Ele perdera-se da consciência.
Nesta época do seu desvario, Cesar era um homem muito famoso. Fato, como
tantos outros relacionados a ele, inexplicável.
É preciso reconhecer que nunca houve uma razão legítima para a imensa
notoriedade que cercava Cesar. Para a fama que o envolvia e afligia. Desde
sempre apontado e reconhecido como um gênio, Cesar se desviou muito cedo
do que se esperava dele.