Page 13 - Microsoft Word - FRIEDRICH NIETZSCHE - O Livro do Filosofo.doc
P. 13

o lugar do mito que desaparece. Mas eles se lançam muito à frente, pois a
       atenção dos contemporâneos só se volta lentamente para eles.

              Um povo que se torna consciente dos perigos produz o gênio.


                                         25


                                2
              Depois de Sócrates , não há mais bem geral a salvar; dai decorre a
       ética individualizante que quer salvar os indivíduos.

              O instinto do conhecimento, sem medida e sem discernimento, com
       um pano de fundo histórico, é um sinal que a vida envelheceu: há um
       grande perigo de que os indivíduos se tornem vis e é por essa razão que
       seus interesses se ligam com força a objetos de conhecimento, não
       importando quais. Os instintos gerais se tornaram tão fracos que não
       refreiam mais o indivíduo.

              Graças às ciências, o germânico transfigurou todas as suas
       limitações, transferindo-as: fidelidade, modéstia, moderação, aplicação,
       clareza, amor da ordem são tantas outras virtudes familiares; mas são
       também a ausência de formas, tudo o que pode haver de inanimado em sua
       vida, a mesquinhez — seu instinto ilimitado de conhecimento é a
       conseqüência de uma vida indigente: sem esse instinto se tornaria
       mesquinho e mau, e assim frequentemente o é, apesar desse instinto.


              Agora nos é dada uma forma superior de vida, um pano de fundo da
       arte — agora a conseqüência imediata é também um instinto do
       conhecimento mais severo, numa palavra, a filosofia.

              Perigo terrível: que essa agitação política à moda americana e essa
       inconsistente civilização de eruditos entrem em fusão.


                                         26


              A beleza emerge de novo como força no instinto do conhecimento
       tornado difícil.



              2  Sócrates (470-399 a.C.), filósofo grego, considerado um dos grandes iniciadores do pensamento
              filosófico do oriente próximo e do ocidente (NT).
   8   9   10   11   12   13   14   15   16   17   18