Page 15 - O Cavaleiro da Dinamarca
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bronze esculpido. Por toda a parte se viam estátuas. Havia estátuas de
mármore claro e estátuas de bronze. Outras eram de barro pintado. E a
beleza de Florença espantou o Cavaleiro tal como o tinha espantado a
beleza de Veneza. Mas aqui tudo era mais grave e austero.
Procurou a casa do banqueiro Averardo, para o qual o seu amigo
veneziano lhe tinha dado uma carta.
O banqueiro recebeu-o com grande alegria e hospedou-o em sua casa.
Era uma bela casa, mas nela não se via o grande luxo dos palácios de
Veneza. Havia uma biblioteca cheia de antiquíssimos manuscritos, e nas
paredes estavam pendurados quadros maravilhosos.
Ao fim da tarde chegaram os amigos do banqueiro Averardo.
Sentaram-se todos para cear e, enquanto comiam e bebiam, iam
conversando.
Então o espanto do Cavaleiro cresceu.
Na sua terra ele procurava a companhia dos trovadores e dos viajantes
que lhe contavam as suas aventuras e as histórias lendárias do passado.
Mas agora, ali, naquela sala de Florença, aqueles homens discutiam os
movimentos do Sol e da luz, e os mistérios do céu e da terra. Falavam de
matemática, de astronomia, de filosofia. Falavam de estátuas antigas,
falavam de pinturas acabadas de pintar. Falavam do passado, do presente,
do futuro. E falavam de poesia, de música, de arquitetura. Parecia que toda
a sabedoria da terra estava reunida naquela sala.
Já no meio do jantar levantou-se uma discussão sobre a obra de Giotto.
— Quem é Giotto? — perguntou o Cavaleiro —.
— Giotto — respondeu do outro lado da mesa um homem de belo