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que o governo não realiza é solucionado pelos – “puxirum” reunião de pessoas para efetivação
                                    gratuita de trabalhos que beneficiem a comunidade. Foi assim que conseguiram a Escola Muni-
                                    cipal D. Macedo Costa com classes de 1ª a 4ª serie e, cuidam da manutenção das praças, praias,
                                    cemitério, iluminação, fiscalização e outros serviços necessários.
                                       Um aviso aos que procuram informações sobre Alter do Chão através da internet. Portugal
                                    possui também uma cidade denominada de Alter do Chão. Os índios boraris chamavam-na de
                                    Monte do Chão e Mendonça Furtado em 1758 homenageando Portugal e atendendo pedido fei-
                                    to pelo rei elevou à categoria de vila várias aldeias trocando-lhes os nomes pelas vilas e aldeias
                                    portuguesas. Eles não previam que séculos depois a facilidade de comunicação atual levaria a
                                    confundir os nomes repetidos. O melhor é ligar Alter do Chão ao Para e ao Brasil.
                                       Durante minha breve estadia neste paraíso natural que chama de Amor sua praia mais bonita
                                    conheci membros dos boraris e tupaius de valor inestimável ao meu conhecimento. Com eles
                                    soube qual o perfil indígena atual. O Page Gecinei Ferreira Henrique Tupai cursa Engenharia de
                                    Pesca na UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Para como bolsista e dentro da cota indíge-
                                    na; e Alessandra Santos Boraris. Os dois levam uma vida urbana e aldeada usufruindo das opor-
                                    tunidades civilizatórias sem perder a linguagem e cultura próprias. Este é o universo dos povos
                                    tupaius que lutam no Pará pela demarcação de 35000 acres de reserva onde sabem conter riqueza
                                    mineral que não extraem e nem permitem ser extraída. Trabalham na cidade e fazem artesanato de
                                    boa aceitação entre os turistas.
                                       As peças artesanais de Alter do Chão são bem acabadas e criativas com como ventarola, tipiti,
                                    flor, abajur, cinzeiro, alguidar, vaso, tigela, anel, castiçal, enfeites, cesto, peneira, pilão, colher de
                                    pau, álbum, bolsas, pingentes, cocar, travessinhas e outras. As aldeias indígenas também forne-
                                    cem peças para a cidade de Santarem com produtos reconhecidamente indígena entre os quais
                                    saliento o pedantife Muiraquitã – o sapo encantado do feitiço amoroso.
                                        Descobri Alter do Chão pelas lives turísticas que focavam a Festa do Sairé e do Boto Rosa,
                                    ficando imediatamente atraída pela preservação de costumes religiosos antigos que atualmente
                                    se misturam com o folclórico e lendário. Alter do Chão é uma das poucas comunidades a manter
                                    a Festa do Sairé (pode ser grafada Çairé) uma comemoração em honra a Nossa Senhora da Saú-
                                    de – padroeira da cidade - e São José. Sairé também é o estandarte em forma de um semicírculo
                                    contendo em seu interior dois outros menores em pares, encimados por um terceiro maior que
                                    contorna os demais, todos arrematados por cruzes. É feito de cipó envolvido por algodão branco
                                    e trançado por várias fitas coloridas e muitos espelhos É levado à frente da procissão e atrai os
                                    fieis aos cultos religiosos: ladainha e orações pelo poder dos espelhos na sua característica de
                                    reflexão de imagens capturavam os indígenas, encantados por se verem no sairé.
                                       Observa-se no Sairé grande sincretismo: os missionários jesuítas adaptaram a partir de antigo
                                    ritual indígena. Introduziram as cruzes representando não só o sacrifício de Cristo mas também
                                    a santíssima trindade nas suas três pessoas; o dilúvio e a arca de Noé marcado pelo balanço das
                                    ondas e sua espuma branca. O Sairé é levado preferentemente por uma idosa manca que ao an-
                                    dar vai inclinando-o ora pra frente ora pra trás e ele balança como a Arca de Noé. Outra carrega
                                    a Coroa do Divino. É uma festa sem data fixa inicialmente comemorada em junho, depois em
                                    setembro e até mesmo junto do Natal com duração de 3 a 5 dias. Depois do culto religioso há a
                                    oferta de alimentação gratuita e muita dança, uma celebração oferecida pelos juízes da mesma e
                                    passada anualmente para outros. Vale a pena ir ao Para e conhecer a Festa do Sairé.


                                    AGRADECIMENTOS - Gostaria de agradecer a
                                    Francine Aguiar Santana e Jackson Fernando Rego
                                    Matos e Cristovam Sena do Instituto Cultural Bornar-
                                    ges Sena ICBS pelas orientações bibliográficas e
                                    conversas plenas de informações e conhecimento
                                    compartilhado.






                                                    Cocar indígena da região
                                                    Foto arquivo pessoal

                                                                                                     Mulheres Ed. 24 - 181
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