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Thais Contarin, jornalista esportiva
JORNALISTA
UBERABENSE EM “Mesmo com tanta coisa boa, tivemos
também o lado muito ruim. Recebe-
DESTAQUE mos muitas mensagens de ódio, fomos
xingadas, desrespeitadas e atacadas
Nossa cidade não está fora desse marco. É o por homens nas redes sociais todos
que conta a jornalista Thais Contarin, cuja meta os dias. As críticas começaram antes
sempre foi trabalhar com o jornalismo espor- mesmo do programar ir ao ar. Mas,
tivo, principalmente por conta do futebol. “O tudo piorou muito depois do primei-
curioso é que, com o passar dos anos, eu aca- ro episódio. Eu, particularmente, não
bei me envolvendo mais na cobertura de outras me deixava afetar por aquilo. Mas, me
modalidades, como o esporte paraolímpico e o doía muito ver o quanto aquilo serviu
futsal. Hoje, como editora do GE, voltei a ter de gatilho para outras meninas. Algu-
muito contato com o futebol. Minha primeira mas até pensaram em desistir. Não é
grande experiência profissional com o futebol fácil saber que certas pessoas nunca
foi, pelo menos para mim, de uma forma com- vão aceitar que você é capaz, somente
pletamente improvável. Nunca tinha passado pelo fato de ser mulher. Não é fácil pas-
pela minha cabeça a possibilidade de ser nar- sar anos estudando e se especializan-
radora esportiva, sempre quis ser repórter. No do e escutar de alguém que você não
entanto, eu sempre gostei de novos desafios e é qualificada porque isso “é coisa de
busquei formas de conseguir grandes oportu- homem”. Eu nunca tive muitos proble-
nidades mesmo morando no interior. Foi assim mas por ser uma mulher trabalhando
que eu consegui, por exemplo, trabalhar para em um ambiente predominantemen-
um jornal alemão nas Paraolimpíadas do Rio de te masculino, mas já escutei muitos
Janeiro, em 2016. E foi assim também, me desa- homens que trabalharam comigo, ou
fiando, que eu mandei um vídeo narrando um que me viam no dia a dia, comentando
trecho de um jogo para participar de um reality que eu tinha a cara muito fechada, que
show que selecionaria uma mulher para narrar eu sempre parecia estar brava, ou até
a final da Liga dos Campeões em Madrid, na mesmo que eu parecia metida porque
Espanha, em 2018.” não dava espaço para muita conversa.
Segundo a uberabense, ela nunca criou ex- A verdade é que manter uma postura
pectativa quando se inscreveu, porque sabia muito séria e estritamente profissio-
que narração não era sua especialidade, mas, nal no começo da carreira foi a forma
foi uma das mulheres selecionadas para o pro- que eu encontrei para ser respeitada.”
grama. Ela conta que ficou perto de grandes
ídolos do futebol, como o zico e o Rivelino e Thais Contarin.
teve a chance de conversar e aprender com nar-
radores e comentaristas os quais admirava.
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