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nhola e uma primeira de expedição anterior portuguesa. Nesta segunda
viagem caiu prisioneiro dos Tupinambás durante nove meses e meio em
perigo constante de ser por eles morto e devorado.
O interesse pelo texto se inicia pelas citações de nomes conheci-
dos hoje: Itanhaém, Bertioga, Santo Amaro, Boiçucanga, Ubatuba, São
Sebastião, entre outros. O reconhecimento das citações traz os aconte-
cimentos de 1555 para a atualidade pondo em retrospectiva a origem
dos nossos tempos. Assim, somos transportados para o nascimento do
Brasil, para a vida e costumes daqueles que nos precederam e que expli-
cam com sua história muitos costumes ainda vigentes. Principalmente
alimentares, como a mandioca e o milho ou a farofa de iça
Depois de uma travessia conturbada decorrente da falta de vento
adequado à presença de embarcações inimigas, dentre eles os piratas
e até mesmo falta de alimentos, ele finalmente chega ao destino e ai
começa a aventura de Hans Staden quando foi aprisionado por índios
tupinambás guerreiros e canibais.
Estando em Bertioga, no forte de São Tiago e, posteriormente, Santo
Antônio onde tinha um escravo – selvagem da tribo carijó que o aju-
dava nas tarefas do lugar – mandou-o caçar e colher alimentos que no
outro dia buscaria na floresta. Neste amanhecer saiu para a busca e foi
apanhado em emboscada pela tribo tupinambás: um grupo de selvagens
escondidos na mata, que iniciam um grande alarido rodeando o inimigo
com lanças e flechas. Neste momento, cada um tira-lhe uma peça de rou-
pa até que ele fique totalmente nu, batem para amedrontar e não para
matar, amarram corda no pescoço mãos e pés e levam-no, assim, aos
outros do grupo que estavam na praia perto das canoas. Também ges-
ticulam mordendo nos próprios braços significando que o comeriam.
Ele entra na aldeia aos pulos gritando que era o alimento que come-
riam mais tarde. As mulheres o recebem raspando seus pelos até mesmo
as sobrancelhas. Poupam a barba atendendo seu pedido. Daí em diante
ele permanece sob constante ameaça de ser devorado. É entregue como
presente ao chefe, que será a pessoa encarregada de determinar o dia
da sua morte.
Como estava prestando serviços no forte dos portugueses é conside-
rado, pelos selvagens, um português inimigo da tribo. Inutilmente tenta
convencê-los que é francês, portanto amigo. Mas, mesmo assim, ganha
tempo na espera de navio francês que poderia autentificar sua origem.
Durante este tempo de espera assiste a execução de um escravo carijó:
a vitima é colocada de joelhos e recebe um forte golpe com ibirapema na
cabeça. A seguir inicia-se o esquartejamento do seu corpo para ser assado
na grelha e posteriormente distribuído para todos – homens, mulheres e
crianças. Um triste espetáculo para ele, que sabe do seu futuro!
No longo tempo que restou como prisioneiro dos tupinambás – nove
meses e meio – assistiu a vários rituais e participou ativamente nas guer-
ras. Por ser cristão fervoroso Staden cantava e rezava diariamente ao
seu Deus convencendo gradativamente os selvagens que tinha um Deus
presente e protetor. Aos poucos passaram a pedir-lhe ajuda solicitando
sua interseção em situações de doenças ou tempestades sendo atendi-
dos diversas ocasiões. Finalmente um barco francês acolheu o alemão
levando-o, são e salvo, para a Europa, quando ditou sua aventura, pos-
teriormente publicada.
Indígenas litoral paulista, família Tupinambá. Século XVI
Gravurista - John White
Mulheres Ed. 23 - 147
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