Page 16 - REVISTA BOAS RAZÕES ED 06
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BR    ARTE
              KOBRA,













                  a fera do muralismo brasileiro

             Texto Suki Ozaki com Assessoria   Fotos Studio Kobra

           A      o caminhar pelas capitais, em pequenas                                              a
                  e grandes cidades ou pelas rodovias do
                  Brasil, quando você menos espera... Pá!
                  Você é surpreendido por uma verdadeira
          obra de arte que enche a paisagem de cores e de
          inspiração. E em qualquer lugar do mundo, ao se
          deparar com um painel de Eduardo Kobra você,
          na hora, reconhece o traço do muralista conhecido
          internacionalmente como um dos maiores artistas
          de arte urbana no mundo.
            Os temas são sempre atuais e com um enga-
          jamento social implícito que ganha vida em cada
          pincelada ou grafitada.
            Para o Dia do Trabalhador este ano, ele escolheu
          homenagear os trabalhadores anônimos, gente
          de verdade, que foram retratados em 30 painéis      O painel “Etnias”, com 2,5 mil metros quadrados,
          ao longo da Avenida Paulista. São servidores da   pintado para celebrar os Jogos Olímpicos 2016, no Rio
          construção civil, chef de cozinha e um garçom, a   de Janeiro, deteve o recorde de maior mural grafitado
          enfermeira, o frentista, o ferroviário, o joalheiro, os   do mundo e projetou seu nome definitivamente como
          garis, os motoboys, motoristas de aplicativo, entre   um dos maiores artista no seguimento. Não satisfeito,
          outros, fizeram parte da exposição do artista.
            “Todas as pessoas fotografadas trabalham
          mesmo nas suas profissões. Nenhuma delas é
          modelo”, destaca Kobra, que soube mesclar os
          retratos com clássicos da pintura universal como
          Marcelo Fernandes de Sousa, caminhoneiro, que
          empresta usa imagem a uma interpretação única
          de David, de Michelangelo. Ou as Respingadoras,
          de Jean-François Millet, que inspira o retrato da
          catadora Maria Dulcinéia S. Santos e em cada
          obra há um QR Code com os depoimentos dos
          profissionais, gravados em vídeo.
            O paulistano de 47 anos nasceu no Jardim Mar-
          tinica, bairro pobre da zona sul da capital. Começou
          na adolescência como pichador, onde chegou a
          ser detido por crime ambiental. Mas o talento que
          nasceu na espontaneidade das ruas, acabou por
          transformá-lo em um dos mais reconhecidos mura-
          listas da atualidade, com obras em 5 continentes,
          que são de tirar o fôlego.

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