Page 25 - ANÁLISE-DE-DISCURSO
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Fonte: www.difundecultura.es



                         É  exatamente  aqui  que  descobrimos  que,  apesar  de  o  eu-lírico  se  mostrar

                  como um pessimista romântico, ele tem uma atitude positiva em relação à sua atual
                  condição (falido, não estar valendo mais nada). Há duas palavras que nos revelam

                  isso:  “cerveja”  e  “caixão”.  Quando  o  eu-lírico  revelou  sua  face  negativa,  foi  para

                  justificar  o  fato  de  estar  falido.  Com  a  palavra  “cerveja”,  ele  reverte  essa  face
                  negativa, colocando-se como vítima e validando o fiador da sua face positiva, pois

                  atribuímos a um alcoólatra a qualidade de quem tem um vício, uma doença.
                         Assim, ele justifica todas as faltas que cometeu. Se verificarmos, portanto, a

                  última  estrofe,  veremos  que  o  eu-lírico  quer  que  os  parentes  amados  sintam
                  compaixão dele; assim, revela mais uma vez sua síndrome, já que, ao afirmar que

                  todos  devem  sorrir  sobre  seu  caixão,  nega-se  à  vida,  mesmo  que  a  morte  seja

                  simbólica.
                         Mas ainda falta uma questão que implica relacionar três pontos principais do

                  discurso, as três palavras-chave: morto, cerveja e caixão. Dissemos que o eu-lírico
                  apresenta,  apesar  do  pessimismo  romântico  do  início  do  seu  discurso,  uma

                  positividade  em  relação  a  si  mesmo.  Isso  é  revelado  quando  ele  afirma  ter  bom
                  humor.  Partamos,  então,  para  as  palavras  mencionadas,  que  também  contribuem

                  para desfazer sua face negativa.
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