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Abençoado, sim senhor
Nilson Monteiro
De braços abertos, a imagem em bronze de Cristo, no alto da Avenida XV
de Novembro, em Cornélio Procópio, recebeu, nos dias 20 e 21 de outubro de
2018, representantes de 17 entidades para o 12° Encontro Estadual das Academias
de Letras. Organizado pela academia procopense, sob a presidência de Diná
Tereza de Brito, e coordenado por Maria Eliana Palma, presidente da Associação
das Academias (ALCA), o encontro foi realizado no Clube Kai-Kam. E teria fortes
motivos para isto.
De palestra sobre "gerontolescente", proferida pelo médico e acadêmico
João Batista Lima, em referência às pessoas com mais 60 anos que refletem a
vivência pós-guerra, "adolescente da maturidade", a discussões administrativas
da entidade, que aglutina as congêneres de todo o Estado, além das ilustrações
como apresentações culturais, o XII Encontro teve bons resultados, segundo os
cerca de 40 participantes.
O discurso de abertura do evento, feito pela vice-prefeita do município,
12º Encontro de Academias de Letras, Ciências e Artes do Paraná
Angélica Olchaneski, espelhou, de certa forma, o tempero entre o conservador e o
moderno que convivem em Cornélio Procópio, encravado no Norte Pioneiro. O
município, na época da realização do encontro com 79 anos, sediou até os anos
1970 extensas fazendas de café e nos anos 2000, um dos campi da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, em significativa mudança.
Isto também se dá com o Hino de Cornélio Procópio, com letra de Átila
Silveira Brasil e música de Rachel de Paula Rodrigues Graciano, ambos fundadores
da Academia da cidade. Com DNA de balanço musical moderno e próximo à
música popular, muito à frente dos hinos oficiais, destoantes em gênero, grau e
número, de quaisquer evoluções. Há poucas ressalvas entre essas composições;
uma delas a do Hino Nacional, que, embora pomposo, atravessa os tempos com o
garbo de letra e música agradáveis. No encontro em Cornélio, ele foi executado
por um coral de deficientes auditivos, Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), sob
regência da acadêmica Sônia Stefano.
Aliás, as apresentações lítero/culturais foram outro agradável
condimento do encontro. A começar pela ótima palestra "E por falar em
literatura", proferida pela professora Marilu Martens Oliveira, então vice-
presidente da ALACCOP. Sinalizou de forma clara a necessidade de, sempre, estar
em pauta a discussão: "O que é literatura", usando como referência a obra de Etel
Frota, escritora e música, autora do ótimo romance "O Herói Provisório",
procopense que acabara se ser eleita para a cadeira 22 da Academia Paranaense
de Letras.
Houve várias apresentações artísticas, com corais, grupo de jogral e de
dança e música, inclusive do Grupo de Dança Japonesa do Kai-Kan, que brindou
aos presentes com a graça, delicadeza e leveza nipônica. Um dos pontos altos
ficou por conta da acadêmica e pianista Ana Cristina Peixoto Vilar, que, ao encerrar
a programação, fez um "passeio" pela música popular, interpretada de maneira
clássica, de vários países – Brasil, Uruguai, Argentina, Estados Unidos, França, Itália
e Espanha/México. Muito aplaudida, teve que acrescentar mais uma interpretação
ao seu repertório