Page 10 - Sozinho, de costas para o amor
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tivera uma namorada, nem tal lhe passou
pela cabeça. Não sabia amar. Não tinha
esperança para amar. Sabia lá ele o que era
o amor.
Levantou-se. Agora prometo que é
mesmo verdade. Vestiu o robe e dirigiu-se
para a banheira. Tinha os pés a tremer de
frio, mal se conseguindo pôr em pé. Passou
pela fotografia do pai e nem o conseguiu
olhar nos olhos, já era hábito. Julgo que
possui um grande medo à morte. Quem não o
tem?!
Tomou banho, vestiu-se, e sempre
dentro da rotina, comeu. Acreditem ou não
na ironia do destino o que aconteceu a seguir
foi a prova da sua existência. Tocaram à
porta. Uma mulher baixinha a dizer que era
do banco e a fazer uma proposta de compra
da casa onde ele cresceu. Não conseguia
acreditar. Vender aquela casa era tudo o que
mais queria, mas ao mesmo tempo, aquilo
que menos queria. Era bom, porque
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