Page 19 - Sozinho, de costas para o amor
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Voltou a beber. A garrafa ainda ali
estava, igual a como a deixou no dia anterior.
Saiu, já um pouco tonto. Mas, com noção do
que queria. Sem reparar, tinha acabado de
surgir nele, esperança! Um sentimento
oculto que não transparecia há um tempo,
também ocultado pela solidão. Não queria
estar mais sozinho. Não aguentava mais
aquele estado de profundo desespero.
Caminhou, e entrou num bar, vazio.
Errado. Havia um vulto. Um homem. Sozinho,
como ele.
A figura aproximou-se, devagar, afirmando-
se, no meio da escuridão do bar, como um
homem alto. Não sorria. Quem seria? Não
sei. Só sei que o homem se sentou ali, ao
lado dele.
Falaram sobre tudo, sobre a vida, sobre as
injustiças e sobre o passado. Contudo a cada
coisa que ele dizia o homem já sabia a
resposta. Parecia que andava a segui-lo, que
sabia mais da vida dele do que ele próprio.
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