Page 151 - ARqUEOlOGiA NO PElOURiNhO
P. 151
O DIÁLOGO COM A ARQUITETURA
Segundo Freitas (2008), quando nos referimos à “cidade”,
falamos de todo centro urbano, de toda organização
deliberada do espaço ocupado pelas populações,
fundado ou reocupado por diferentes povos e em
diferentes épocas, independentemente de sua extensão
territorial total ou volume populacional, tendo ou não
um centro político-administrativo identificável, e que
apresenta como principal característica a transformação
humana contínua ao longo do tempo.
A cidade é vista não somente como um conjunto
de elementos apontados por diferentes campos
científicos, mas englobando todas essas variantes, além
do componente humano: as pessoas que ergueram,
viveram e morreram dentro delas e por elas.
O elemento humano inserido no conceito de cidade,
segundo Freitas (2008), justifica-se, de acordo com
Kern (s.d.), a partir da necessidade de conhecer
com profundidade a comunidade dos homens que
construíram as cidades e que passaram a se reunir e
Tesouro Estadual, e com outros mais simples, mas não a se organizar enquanto comunidades diferentes das
Poligonal do menos importantes, de imóveis residenciais. Nestes,
Centro Histórico demais sociedades.
de Salvador e, em aparecem com uma complexidade e beleza mais
detalhe, poligonal acentuada em áreas sociais e de acesso; no restante dos Freitas (2008) conceitua a Arqueologia como o
da 7ª Etapa. Inserção “estudo do passado a partir de sua produção material,
em fotografia aérea espaços, com motivos mais clássicos e simples.
(Fonte: Google visando entender a história de povos e sociedades
Earth). Na perspectiva de Orser (1992), a Arqueologia histórica e não somente de indivíduos isolados”. Conforme
refere-se às manifestações materiais do mundo em
esse autor, o interesse da Arqueologia pelas cidades,
rápida transformação, devendo ser compreendida não
enquanto um sítio fechado, é relativamente recente.
somente como História, mas como um campo muito
Antes disso as instituições e os monumentos eram
diverso de investigação que combina grande número
analisados isoladamente.
de abordagens e beneficia-se com a possibilidade do
uso de documentos escritos, importantes fontes de De acordo com Galiniè (1998), “ela [a cidade] era objeto
pesquisa, cabendo ao arqueólogo o papel de integrar de História, não de Arqueologia. Cabia aos textos
152
essa informação com registros arqueológicos. estabelecer os vínculos entre os monumentos, elucidar
ArqueologiA no Pelourinho