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Pertinho do céu estão, agora, alguns integrantes deste Baronato que já se
foram, entre tantos:
Juril Carnasciali: Baronesa do Tarumã; Túlio Vargas: Barão de Piraí do Sul;
Theodoro De Bona: Barão de Nhundiaquara; Franscisco Cunha Pereira: Barão
de Nácar; Ivo Arzua Pereira: Barão das Misericórdias; Metry Bacila: Barão dos
Campos Gerais; Moysés Paciornik: Barão de Catuporã; Nely Almeida: Baronesa
da Ação Social; Osvaldo Pilotto: Barão da Água Verde; Antônio Augusto da
Porciúncula: Barão da Cruz Alta; Waltel Branco, Barão de Paranaguá.
Jornalista da Gazeta do Povo, em reunião desta Honorífica Ordem
do Sapo, assim disse:
Prezado leitor, preste atenção com quem está falando. Curitiba tem pelo
menos 75 moradores com títulos de nobreza. Trata-se de barões, baronesas e
condes, discretíssimos em sua maioria, de modo que são identificados apenas pelos
conhecidos. É fato que ostentam medalhões, como os graúdos de antigamente,
mas vivem como se fossem plebeus. Suas comendas saem das sedas apenas em
ocasiões, nalgum palacete, em encontros quase secretos, nos quais se alegram
recitando versos e trovas, longe dos arrulhos dos curiosos.
Para descobrir a identidade de algum desses eleitos, basta prestar atenção
nas lapelas, nas quais prendem um pequenino broche em forma de anfíbio. Eis
o sinal. Em volta está escrito: “Soberana Ordem do Sapo”, nome da confraria à
qual pertencem. Mas não espere que esnobem a titulação nas redes sociais. Seria
uma vulgaridade.
Sapolândia Soberana Ordem do Sapo
Confira o vocabulário básico da Ordem:
Se os confrades levam a sério ou não essa história de baronato, em pleno
século 21, é a pergunta mais difícil de responder. Os graus de adesão variam de
nobre para nobre, o que não impede afirmar que a Soberana Ordem do Sapo é
um fenômeno cultural dos mais curiosos da cena local. Há 37 anos.
O “Taborda”
Para entender como tudo surgiu, é preciso invocar o intelectual paranaense
Vasco Taborda Ribas uma figura típica da primeira metade do século passado.
Jornalista, advogado, escritor, Vasco bem poderia ser um personagem de Lima
Barreto ou de Dias Gomes. Tinha fleuma, como se dizia. Fazia o tipo à gomalina.
Empolgava. Caloroso, tirava o chapéu para cumprimentar os que encontrava na
rua, e não eram poucos.
Como bom paranista, nutria saudade do fausto da erva-mate e tinha
algumas birras com São Paulo, a vizinha rica e má. Mas, segundo consta, esbanjava
humor, o que o tornava devoto ardoroso de uma determinada revista literária
publicada em Curitiba, de 1898 a 1902. O periódico não era um pasquim, mas
se chamava O Sapo, e nascera da pena de Leocádio Cysneiros Correia, filho do
célebre médico Leocádio José Correia, e outros três companheiros de prensa:
Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Tales Saldanha.
Para quem é novo nessa seara, a capital não somava nem 50 mil habitantes
naqueles idos. Mais da metade dessa gente tinha poucas letras, mas nada que
impedisse a circulação de algo próximo de magazines diferentes, fora os jornais,
como informa a historiadora Rosane Kaminski no projeto Revistas Curitibanas
(www.revistascuritibanas.ufpr.br).
Histórico da ALCA e suas afiliadas . 113