Page 113 - 2
P. 113

Pertinho do céu estão, agora, alguns integrantes deste Baronato que já se
                        foram, entre tantos:
                             Juril Carnasciali: Baronesa do Tarumã; Túlio Vargas: Barão de Piraí do Sul;
                        Theodoro De Bona: Barão de Nhundiaquara; Franscisco Cunha Pereira: Barão
                        de Nácar; Ivo Arzua Pereira: Barão das Misericórdias; Metry Bacila: Barão dos
                        Campos Gerais; Moysés Paciornik: Barão de Catuporã; Nely Almeida: Baronesa
                        da Ação Social; Osvaldo Pilotto: Barão da Água Verde; Antônio Augusto da
                        Porciúncula: Barão da Cruz Alta; Waltel Branco, Barão de Paranaguá.
                             Jornalista da Gazeta do Povo, em reunião desta Honorífica Ordem
                             do Sapo, assim disse:
                             Prezado leitor, preste atenção com quem está falando. Curitiba tem pelo
                        menos 75 moradores com títulos de nobreza. Trata-se de barões, baronesas e
                        condes, discretíssimos em sua maioria, de modo que são identificados apenas pelos
                        conhecidos. É fato que ostentam medalhões, como os graúdos de antigamente,
                        mas vivem como se fossem plebeus. Suas comendas saem das sedas apenas em
                        ocasiões, nalgum palacete, em encontros quase secretos, nos quais se alegram
                        recitando versos e trovas, longe dos arrulhos dos curiosos.
                             Para descobrir a identidade de algum desses eleitos, basta prestar atenção
                        nas lapelas, nas quais prendem um pequenino broche em forma de anfíbio. Eis
                        o sinal. Em volta está escrito: “Soberana Ordem do Sapo”, nome da confraria à
                        qual pertencem. Mas não espere que esnobem a titulação nas redes sociais. Seria
                        uma vulgaridade.


                             Sapolândia                                                                        Soberana Ordem do Sapo
                             Confira o vocabulário básico da Ordem:
                             Se os confrades levam a sério ou não essa história de baronato, em pleno
                        século 21, é a pergunta mais difícil de responder. Os graus de adesão variam de
                        nobre para nobre, o que não impede afirmar que a Soberana Ordem do Sapo é
                        um fenômeno cultural dos mais curiosos da cena local. Há 37 anos.


                             O “Taborda”
                             Para entender como tudo surgiu, é preciso invocar o intelectual paranaense
                        Vasco Taborda Ribas uma figura típica da primeira metade do século passado.
                        Jornalista, advogado, escritor, Vasco bem poderia ser um personagem de Lima
                        Barreto ou de Dias Gomes. Tinha fleuma, como se dizia. Fazia o tipo à gomalina.
                        Empolgava. Caloroso, tirava o chapéu para cumprimentar os que encontrava na
                        rua, e não eram poucos.
                             Como bom paranista, nutria saudade do fausto da erva-mate e tinha
                        algumas birras com São Paulo, a vizinha rica e má. Mas, segundo consta, esbanjava
                        humor, o que o tornava devoto ardoroso de uma determinada revista literária
                        publicada em Curitiba, de 1898 a 1902. O periódico não era um pasquim, mas
                        se chamava O Sapo, e nascera da pena de Leocádio Cysneiros Correia, filho do
                        célebre médico Leocádio José Correia, e outros três companheiros de prensa:
                        Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Tales Saldanha.
                             Para quem é novo nessa seara, a capital não somava nem 50 mil habitantes
                        naqueles idos. Mais da metade dessa gente tinha poucas letras, mas nada que
                        impedisse a circulação de algo próximo de magazines diferentes, fora os jornais,
                        como informa a historiadora Rosane Kaminski no projeto Revistas Curitibanas
                        (www.revistascuritibanas.ufpr.br).


                                                                        Histórico da ALCA e suas afiliadas . 113
   108   109   110   111   112   113   114   115   116   117   118