Page 15 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 15
“Áreas mortas...”, sussurrou, quase sem perceber.
Eram zonas onde os corais haviam morrido, sufocados pela polui-
ção, pela elevação da temperatura da água ou pelo avanço silenci-
oso da acidificação dos mares. Zonas de silêncio. Sem peixes. Sem
cor. Sem vida.
Um arrepio percorreu sua espinha. Aquelas ilhas tão belas
guardavam também sinais de destruição. O paraíso estava pedindo
socorro.
E ali, olhando pela janela do avião, com o caderno no colo e
o coração apertado, Lívia entendeu que aquela viagem talvez fosse
mais do que uma simples visita — talvez fosse o início de uma mis-
são.
Quando o avião pousou na pista de terra batida da ilha prin-
cipal, o impacto suave das rodas na pista foi seguido por um breve
silêncio — o tipo de silêncio que antecede o novo. Lívia olhou pela
janela uma última vez antes de o motor desligar. Lá fora, o mundo
parecia diferente.
Ao descer pela escadinha de metal, sentiu no rosto uma brisa
quente e salgada, que vinha do mar e trazia consigo o cheiro da
aventura. O ar era denso, carregado com o perfume das flores tro-
picais que brotavam ao longo da vegetação rasteira. Uma mistura
de sal, sol e terra. O tipo de cheiro que a gente nunca esquece.
15