Page 36 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
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Takashi, com as mãos ainda úmidas, conectou o pequeno
gravador subaquático ao computador. Um instante de hesitação.
Ele apertou “play”.
Nada.
O arquivo rodava. A barra de progresso avançava. Mas dos
alto-falantes não saia som algum.
Nenhum clique dos camarões-estaladores, que sempre fa-
ziam o fundo do mar soar como uma fogueira crepitante. Nenhum
canto grave das baleias, ecoando como canções de outro mundo.
Nem mesmo o estalido dos corais vivos, que soavam como peque-
nos suspiros da Terra.
Nada. Um silêncio denso, absoluto. Tão absoluto que parecia
ecoar.
Takashi respirou fundo. Seus olhos, geralmente firmes e ob-
servadores, estavam úmidos. Ele encarou o grupo, depois olhou
para a tela do computador como se esperasse que dali surgisse uma
explicação. E então, com a voz embargada e baixa, murmurou:
— Isso não é apenas o silêncio, é o verdadeiro grito do mar.
E ninguém ousou responder.
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