Page 101 - Reino Silencioso_O Mistério dos Corais Desaparecidos
P. 101

Helena fitava o horizonte com olhos entristecidos.


           — Antigamente — murmurou — este lugar era conhecido como a muralha
    viva. Corais de todas as cores, peixes dançando entre eles, era uma celebração da
    vida.


           Seu tom se quebrou num fio de voz.


           — Agora... tudo que resta é o eco do que foi perdido.


           Lívia, abraçada à prancheta de mergulho contra o peito, sentiu um nó na
    garganta. Aquela viagem não seria apenas uma expedição científica — seria uma tra-
    vessia pelo luto do oceano.


           Takashi reduziu a velocidade. — Estamos nos aproximando.


           Todos se ergueram, olhos atentos. A paisagem subaquática começava a sur-
    gir: não um jardim de corais, mas uma vastidão desolada, como um campo de bata-
    lha esquecido.


           O Reino Silencioso os aguardava.





           Lívia ajustou sua máscara e com um sinal breve para o professor Takashi,
    deslizou para dentro da água. A temperatura era estranhamente morna e a pressão
    se fazia sentir, como se o próprio oceano carregasse o peso de uma tristeza antiga.


           Metro a metro, ela descia, envolta numa penumbra verde-acinzentada. Não
    havia  cardumes  saltitantes,  nem  danças  de  luz  nas  areias.  Abaixo  dela,  surgiam
   96   97   98   99   100   101   102   103   104   105   106