Page 145 - Teatros de Lisboa
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Teatro Joaquim de Almeida

































                                                Actor Joaquim d’Almeida (1838-1921)

                     Quanto às suas instalações, a crítica do jornal “A Capital” era favorável …
               «As  instalações são construídas em  madeira e  tijolo, sendo desmontáveis em grande  parte; todavia,  essa
               operação não seria  para tentar, em virtude  da  despeza  a fazer com fundamentos novos. A plateia deve
               comportar uns 300 logares e junto ao palco há 4 frizas. Em volta, a sala é circundada por uma 1ª ordem de
               camarotes, ficando para a parte posterior uma galeria extensa.
                     Apesar de se tratar de um teatro de sala acanhada, as cadeiras estão suficientemente afastadas umas
               das outras, para não deixarem os espectadores incomodados, como sucede  em alguns teatros, que  não
               merecem ao serviço de incêndios o devido cuidado  de observação.  A sala bem iluminada apresenta uma
               decoração alegre e fina. Os camarotes são separados dos corredores, por meio de reposteiros azues, que
               estão suspensos nas arcadas. Pena é que as grades dos camarotes sejam tão largas e por isso a empreza
               terá de proceder a uma obra inadiavel de cobrir interiormente as grades de forma a que as senhoras se
               possam sentar despreocupadamente, sem terem de fazer uma exposição de pernas.
                     O pano de boca é alegre, mas o auctor não foi feliz na sua concepção. Não se percebe mesmo qual foi
               a sua ideia.  Parece que  um redemoinho  ensarilhou  tudo quanto estava no palco e foi arrumar as  diversas
               partes ao acaso, projectando-as confusamente. Para futuristas é possível que aquilo seja uma obra prima. Um
               medalhão do homenageado figura na sala.
                     A empreza aproveitou o melhor que poude o espaço que dispoz e soube manifestar bom gosto e criar
               conforto. Posteriormente à plateia encontra-se o bufete.
                     O  teatro  encontrava-se  profusamente  iluminado  por  fóra,  chamando  a  atenção  das  pessoas  que
               passavam na  Praça do  Brazil. Uma multidão compacta acumulava-se em frente da entrada uns esperando
               ainda conseguir obter bilhete e outros por simples curiosidade. Mas a lotação estava completa e apenas se
               entregavam os bilhetes de imprensa, procedendo a  empreza, como a do teatro Apolo,  que nos dias de 1ª
               representações tem a gentileza de não receber dos criticos teatrais a importancia do selo.»

                     Quanto à exibição da peça de Júlio Dantas "A Severa" o mesmo jornal escrevia:
                     «Como todos sabem os papeis da peça "A Severa" são sempre ingratos, para quem os tenta fazer de
               novo, porque teem de atingir metas e dificeis de transpor. Todavia a companhia do Teatro Joaquim d'Almeida
               portou-se com brio e revela uma honestidade apreciavel na maneira como trabalhou para obter um exito
               compensadôr.
               (...) O quarteto tocou nos intervalos com afinação, mas com pouco gosto na escolha do reportorio. Falta de
               animação. Os scenarios cuidados.»

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