Page 82 - Jose Morais Autobiography Book 1
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Em  Londres,  fui recentemente  homenageado por um jornal  das comunidades
                  lusas, Portugueses no Mundo.

                  O acto de receber estas homenagens, que muito agradeço, nunca me ofuscaram
                  a visão real do que é a efemeridade da vida. O tempo passa tão depressa, a idade
                  vai avançando avassaladoramente, tirando-nos tudo aquilo que conquistamos  e
                  tudo aquilo que mais amamos.
                  Mas não é  de todo  com uma visão pessimista que queremos terminar esta
                  autobiografia repleta de bons momentos e boas experiências de vida.

                  Em jeito festivo e com muita esperança no futuro me despeço dos meus leitores,
                  desejando a quem vier a ler-me as maiores felicidades e realizações pessoais e
                  profissionais. Que Deus vos agracie com muita saúde por longos e muitos anos.

                  Aos meus descendentes vindouros quero dizer que, onde quer que eu esteja, terei
                  um grande orgulho no que decidirem fazer da vossa passagem pela terra. Que a
                  minha vida vos inspire no melhor que ela tem e vos ensine como ultrapassar as
                  dificuldades nos piores momentos.
                  Em conclusão, quero a todos lembrar que nem só de trabalho se faz uma vida.
                  Valores como  a  família, o patriotismo, a  honra, a honestidade, o orgulho pelas
                  origens e a solidariedade merecem também de nós  um olhar atento e  uma
                  intervenção de verdadeiros cidadãos que contribuem para a qualidade de vida das
                  suas comunidades e também para a paz e harmonia no mundo.

                  Nunca deixem de sonhar porque, como diz o poeta português, António Gedeão,
                  no poema intitulado A Pedra Filosofal:




                  Eles não sabem que o sonho
                  é uma constante da vida
                  tão concreta e definida
                  como outra coisa qualquer,
                  como esta pedra cinzenta
                  em que me sento e descanso,
                  como este ribeiro manso
                  em serenos sobressaltos,
                  como estes pinheiros altos
                  que em verde e oiro se agitam,
                  como estas aves que gritam
                  em bebedeiras de azul.

                  Eles não sabem que o sonho
                  é vinho, é espuma, é fermento,
                  bichinho álacre e sedento,
                  de focinho pontiagudo,
                  que fossa através de tudo
                  num perpétuo movimento.
                  Eles não sabem que o sonho
                  é tela, é cor, é pincel,
                  base, fuste, capitel,
                  arco em ogiva, vitral,
                  pináculo de catedral,
                  contraponto, sinfonia,
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