Page 5 - O Antigo Grimório de São Cipriano - Fernando R. Lopes
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Cipriano por meios de nomes cabalísticos obrigou o demônio a confessar que tipo
            de defesa Justina se valia para se manter fora do alcance de sua magia. O demônio não

            teve outra saída senão confessar-lhe a verdade, dizendo que o Deus dos cristãos era o
            supremo Senhor do céu, da terra e do inferno e que ele (demônio), não podia nada
            fazer contra o *sinal da cruz com que Justina continuamente se armava. Tão logo ele

            aparecia para tentá-la era obrigado a fugir em virtude do poder do sinal da cruz. O
            Sinal da cruz, o qual o demônio se referia não é o sinal tal qual o conhecemos hoje.
            Era um sinal cabalístico que Justina havia aprendido, por quanto havia sido iniciada

            neste Sendero. No início da era conhecida como cristã, faziam também os iniciados
            nos conhecimentos cabalísticos.

             *Sinal cabalístico da cruz . NT.


                  É tão poderoso fazê-lo pronunciando os nomes sagrados, que não há demônio
            capaz de lhe resistir, pois torna-se uma guarda para o corpo e alma. Com o tempo, a

            igreja católica omitiu os nomes sagrados, substituindo-os por títulos: pai, filho e etc...

                  Segundo o “Vitae Sanctorum Omnium” Disse Cipriano ao diabo: “Pois se é

            assim vou me entregar ao serviço do Deus de Justina, que é mais poderoso do que
            tu. Se o sinal da cruz dos cristãos obriga-te a fugir, não quero mais utilizar-me dos
            teus prodigios, renuncio a todos os teus sortilégios, confiando na bondade desse
            Deus que há de me admitir como seu servo.”


                 Irritado o demônio, por perder aquele que por seu intermédio fizera tantas
            conquistas, apoderou-se do seu corpo. Porém, foi logo obrigado a sair, pelo sinal da

            cruz que Cipriano acabara de aprender. Em conseqüência, Cipriano teve de se
            empenhar em vigorosos combates contra os inimigos da sua alma; mas o Deus de
            Justina a quem Cipriano sempre invocara valeu-lhe com o seu socorro e o fez

            vitorioso. Para este resultado muito concorreu seu amigo Eusébio, a quem Cipriano foi
            logo procurar e disse arrependido:


                 “Meu grande amigo, chegou para mim o feliz dia de reconhecer meus erros e
            espero que o teu Deus, que desde já confesso ser o único e verdadeiro, me admita
            entre seus ínfimos servos, para maior triunfo da sua benigna misericórdia.”


                  Eusébio ficou muito satisfeito por essa prodigiosa mudança. Abraçou
            afetuosamente o amigo, deu-lhe muitos parabéns pela sua heróica resolução,
            animando-o a confiar sempre na infalível verdade de Deus, que jamais desampara aos
            que sinceramente o procuram. Assim fortificado, Cipriano pôde resistir com valor a
            todas as tentações do diabo. Para isso ele fazia sem cessar o sinal da cruz, tendo
            sempre nos lábios e no coração o sagrado nome de Deus. Vendo os demônios todos os
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