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A relatividade do segundo


                    I.
                    Um segundo pode ser
                    pouco ou muito tempo:
                    em um segundo
                    sou incapaz
                    de escrever um verso;
                    em muito menos de um
                    começou a expansão súbita do Universo
                    (e o que definimos como tempo).

                    II.
                    Um segundo
                    é tempo que consigo mensurar.
                    Já não posso dizer o mesmo de
                    um bilionésimo de segundo
                    — é tempo que só consigo imaginar.

                    O interessante é constatar
                    que até o segundo é infinito em si mesmo,
                    o que, de certa forma, o torna atemporal.

                    Haverá sempre um zero
                    a acrescentar à direita da vírgula
                    que impeça a chegada do inalcançável um.

                    Sendo assim, o segundo que passa
                    é tempo que, de fato, não passa
                    — é trapaça!










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