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Cirurgia percutânea do hallux valgus em ambulatório






            sendo associado a transmissão genética presente em   riáveis: idade, lateralidade, género, tempo cirúrgico e
            cerca de 70% dos casos. (1,2,6)                   técnica utilizada. Em relação a avaliação radiológica fo-
               As primeiras descrições da Cirurgia Percutânea do   ram registados os ângulos metatarso falângico (MTF),
            Pé (CPP) remontam à década de 1940, sendo popula-  intermetatarsiano (ITM) e articular metatársico distal
            rizada nos anos 90 por Stephen Isham, nos EUA. Nos   (DMA) pré e pós-operatório (no último follow-up). A
            anos 2000, Mariano Del Prado, através da descrição   avaliação radiológica foi obtida através de radiografias
            detalhada da técnica baseada em estudos anatómicos,   do pé em carga (radiografia pré-operatória e radiografia
            difundiu a CPP pela Europa. (4,5,10)              do último follow-up). Na altura da avaliação funcional,
               Desde cedo, foi evidente a potencialidade e as pos-  os doentes foram informados sobre os objetivos do es-
            síveis vantagens da CPP em relação à cirurgia aberta:   tudo e foram avaliados por um elemento independente,
            dissecção tecidual reduzida, ausência de necessidade de   de acordo com a escala American Orthopaedic Foor and
            fixação interna, diminuição da morbilidade pós-ope-  Ankle Society (AOFAS) hallux-metatarsophalangeal-in-
            ratória com dor limitada, período de cicatrização mais   terphalangeal. Esta escala é uma das mais utilizadas no
            curto e rápida recuperação funcional. (2,3,5,6)  Apesar de   HV, pontua de 0 a 100 pontos e consiste em 9 itens
            tudo, a CPP é uma técnica com uma curva de apren-  distribuídos por 3 categorias: Dor (40 pontos), Função
            dizagem lenta, não só pela necessidade do uso de ins-  (45 pontos) e Alinhamento (15 pontos). Foram anali-
            trumental específico e pela familiarização das sensações   sadas as complicações e a recorrência do HV, assim
            tácteis com a abordagem, mas também pela metodolo-  como o seu tratamento. Registado o follow-up.
            gia e o uso e interpretação da fluoroscopia. (5,6,11)  Intervenção cirúrgica

            Objetivos                                            Em todos os doentes foram realizados 4 procedi-
               Descrição da técnica cirúrgica e realização de um   mentos: exostosectomia distal do 1 metatarso, osteoto-
            estudo retrospetivo descritivo de avaliação clínica, fun-  mia proximal da 1 falange do hallux - (Osteotomia de
            cional e radiológica de doentes submetidos a CPP por   Akin), osteotomia distal do 1 metatarso (Osteotomia
            HV, em regime de ambulatório, entre Maio de 2008 e   de Isham-Riverdin) e a libertação lateral dos tecidos
            Março de 2015.                                    moles associada a tenotomia do adutor do 1 dedo (Fi-
                                                              guras 1-3). Em doentes com queixas de metatarsalgias
                                                              pré-operatórias,  foram  realizadas osteotomias  distais
            MÉTODOS                                           metafisárias do 2º, 3º e 4º metatarso - Osteotomias de
               Amostra final: 89 pés (74 doentes) com HV leve a   Weil. Nenhuma osteotomia foi fixada. Em 3 doentes,
            moderado. Todas as intervenções cirúrgicas foram rea-  foi realizada intervenção cirúrgica bilateral no mesmo
            lizadas pelo mesmo cirurgião e em ambulatório. Todos   tempo operatório. Em todos os doentes, foi realizado
            os doentes eram seguidos na Consulta Externa e tinham   um penso com ligeira sobrecorreção, evitando a dor-
            HV sintomático sem resposta ao tratamento conserva-  siflexão do hallux (Figura 4). Não houve limitação da
            dor. Foram excluídos os doentes com cirurgias prévias   carga no pós-operatório imediato, o penso foi sempre
            ao  HV,  doentes  com  Hallux  Rigidus  e  doentes  com   realizado entre o 10º ao 14º dia pós operatório, para
            perda de seguimento. Foram analisadas as seguintes va-  avaliação da sutura e remoção dos pontos.





















                  Figura 1. Exostosectomia distal do 1 metatarso
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