Page 58 - Cabalá Hermética
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CABALÁ | CABALÁ HERMÉTICA | SEÇÃO 02 – O HERMETISMO E A CABALÁ HERMÉTICA
interior da alma do Homem: com todos os seus aspectos conscientes, subconscientes e inconscientes. O Mestre Trismegisto dizia justamente: “Assim como está fora, está dentro”. É essa correspondência que vai fa- zer com que a Cabalá Hermética tenha tanto enfoque na compreensão do que está “dentro”. Falamos aqui da subjetividade humana, seus as- pectos de constituição interior: seus defeitos e virtudes. É neste prisma que se desenvolvem os estudos da Cabalá Hermética que buscarão jus- tamente entender as “forças do universo” que se operam dentro de cada ser humano, queira ele ou não; esteja ele consciente disso ou não.
3.3. A Cabalá Hermética para Conexão com Deus
A Cabalá Hermética irá intensificar o caráter prático da Cabalá. Além de ser um arcabouço de estudos intelectuais e filosóficos, essa vertente da Cabalá irá servir de instrumento de trabalho tal qual o vaso alquími- co ou os fornos de aquecimento dos laboratórios de Nicolas Flamel ou Michael Maier. O iniciado irá usar seus conhecimentos para se conectar com Deus: a Fonte Primordial de tudo o que existe. Neste diapasão, podemos perceber a convergência dos ensinamentos herméticos e caba- lísticos. Relembramos um dos trechos dos diálogos com Tat, do Corpus Hermeticum, que vimos na última aula:
“Se desejas ver a Deus, considera o sol, considera o curso da lua, con- sidera a ordem dos astros. Quem é que os mantém em ordem? Toda ordem supõe, de fato, uma delimitação quanto ao número e ao lugar. O sol, deus supremo entre os deuses do céu, a quem todos os deuses celestes cedem passagem como a seu rei e dinastia, sim, o sol com seu talhe imenso, ele que é maior que a terra e o mar, suporta ter acima de si cumprindo suas revoluções os astros menores que ele. A que reverencia ou teme, meu filho? Todos esses astros que estão no céu não cumprem, cada um deles, um curso semelhante ou equivalente? O que determinou para cada um deles o modo e a amplitude do curso? [...]”.
Nota-se o intuito claro e cristalino de fazer a conexão com o divino por meio da contemplação dos astros e pela percepção das Leis Naturais que regem seu funcionamento imutável e eterno. Tudo o que o Iniciado deve fazer é lutar para reconquistar esse elo de ligação. Assim, cabe a ele acionar todas as forças que existem e coordenam o funcionamento do universo com essa finalidade. Também será para esse fim que ele deve utilizar essas mesmas energias que existem no interior de cada ser hu- mano. Falamos das forças energéticas que são, em inúmeras vezes, repre-
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