Page 79 - Coletânea e Genealogia da Família Baldissera
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A COLÔNIA DONA ISABEL NA VISÃO DE UM CÔNSUL
Relatório do Cônsul Real Cav. Ad. Eduardo dos Condes Campans de Brichanteau, Cônsul em Porto Alegre em 25 de março de 1892.
Destacamos este relatório por abranger o período em que Mauro Baldissera (nosso tetravô) e seus filhos com suas respectivas famílias já se encontravam instalados em suas colônias. Segundo registros do Arquivo Histórico eles receberam suas terras em 1885, portanto, a realidade dos imigrantes ficou bem retratada neste relatório sob a ótica de um cônsul.
No Norte do Estado do Rio Grande do Sul foram fundadas duas Colônias em 1875. Devido ao nome da filha de D. Pedro II, herdeira do trono, e de seu consorte (marido) chamaram-se respectivamente Dona Isabel e Conde D´Eu. Caído o Império, as duas Colônias foram reunidas sob a denominação de Bento Gonçalves, mas tal nome é utilizado para denominar principalmente a primeira Colônia, enquanto outra continua sendo chamada por todos de Conde D´Eu.
A Colônia agora chamada de Bento Gonçalves foi emancipada quando foi elevada a Vila(1885). Emancipar uma Colônia significa subtraí-la da dependência da Comissão de engenheiros encarregados da distribuição dos lotes e instituir nela as autoridades ordinárias.
A sede é formada por pequenos lotes urbanos de 40x60 m. Da sede ramificam-se as linhas, que são cortadas por tantas outras linhas em todos os sentidos. Junto às linhas distribuem-se os lotes rurais, que medem 220m de frente por 1.100 de flanco, com uma área de cerca de 50 mil braças quadradas.
Os imigrantes italianos começaram a chegar a esta colônia desde a fundação em 1875. Anualmente chegam cerca de 600, e outros tantos são os nascimentos, pelo que calcula-se que a população atual é cerca de 20 mil habitantes. Quase todos vieram com a família; alguns que vieram sem, mandaram- na vir posteriormente, e os poucos solteiros acabaram geralmente se casando.
Os que se dedicavam à agricultura, e são a grande maioria, pertencem às províncias Vênetas , enquanto os de outras regiões da Itália, como os toscanos e os meridionais, exercem diversos outros ofícios.
Chegando à Colônia, o imigrante era provisoriamente abrigado em velhas barracas, e após alguns dias era-lhe indicado um lote. Nos primeiros anos levava uma vida muito difícil, pois chegava quase sempre desprovido de dinheiro, não havia obras públicas nas quais pudesse trabalhar, e sua terra rendia muito pouco.