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Simplicidade  é  a  essência  da  boa  arte,  de  modo  que,  simplificar  estruturas  ajuda  a

                  tornar nosso mundo multiforme mais compreensível. Detalhes e minúcias podem distrair; às
                  vezes, a solução simples é  a melhor. Assim, um  programa de  alinhamento  não precisa ser

                  mirabolante,  minuciosamente  esquemático  e  recheado  de  sutilezas  técnicas,  para  ser  uma

                  concepção efetiva. Quanto mais simples, mais acessível será à compreensão do servidor. É
                  preferível o bom senso à técnica. Um bom programa pode ser explicado em 10 minutos ou

                  lançado em poucas páginas. Caso contrário, não é bom (quanto menos conteúdo tem, mais
                  longo é).

                         À  medida  que  se  aproxima  de  exigências  resolutivas,  o  Ministério  Público  precisa
                  conferir  uma  maior  atenção,  a  nível  interno,  à  dimensão  humana  (Porter,  1980,  p.  252).

                  Mecanismos organizacionais são necessários para para formar uma maior identificação e uma

                  maior  lealdade  com  relação  à  instituição,  sendo  necessário  desenvolver  dispositivos
                  motivacionais mais engenhosos do que aqueles que, no passado, foram suficientes. Apoio e

                  estímulos  internos  são  indispensáveis  para  substituir  os  estímulos  e  as  recompensas  do
                  passado.

                         O  que  indicamos  ao  longo  dessas  linhas  é  apenas  uma  ideia,  um  esqueleto  a  ser
                  coberto de carne,  com  as  ricas  vivências do dia a dia  gerencial, as  habilidades  humanas  e

                  conceituais  dos  gestores.  É  óbvio  que  as  estratégias  institucionais  de  alinhamento  dos

                  stakeholders  internos  não  devem  ser  desenvolvidas  de  forma  intuitiva,  mas  através  de  um
                  pensamento  controlado  e  consciente,  a  partir  de  um  processo  complexo,  interativo  e

                  evolucionário, melhor descrito como um aprendizado adaptável. Intuição e improvisação são

                  inimigas conceituais de qualquer estratégia.
                         Não é uma tarefa fácil criar um comportamento alinhado e engajado dos servidores

                  auxiliares de uma instituição às novas estratégias, principalmente se o staff já vem, há muito
                  tempo, contagiado por velhas práticas.  Mudar mentalidades, atitudes e comportamentos não é

                  um trabalho que se faça da noite para o dia, até porque nunca devemos ter pressa de enterrar
                  ideias  e  crenças  que  foram  poderosas  um  dia.  As  raízes  dessas  ideias  se  estendem,

                  poderosamente, por todos os lados. Estudos de psicologia social revelam (Mintzberg, 1994, p.

                  33;  Hersey/Blanchard,  1974,  p.  02-03;  Clarke,  1970,  p.  154)  que  para  mudar  uma  pessoa,
                  precisamos antes "descongelar" suas crenças e ideias mais básicas.   Uma vez que as ideias

                  preconcebidas são banidas, o resto é simples. A partir disso, seguem-se dois estágios: "mudar"
                  as crenças e "recongelar" em torno das novas crenças (tudo dentro de um ciclo contínuo de

                  aprender, desaprender e reaprender). Não podemos apenas inspirar pessoas a serem melhores.
                  De  alguma  forma,  é  necessário  mudar  a  forma  como  pensam  (não,  por  óbvio,  através  de






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