Page 30 - Cinemas de Lisboa
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“Olympia”, a partir de então, ficou quase sempre ligada ao mesmo, contíguo (pelas traseiras), existindo
mesmo uma ligação interior entre os dois edifícios. Foi nestas duas salas que Lisboa viu os filmes de
uma tríade de musas italianas apelidadas por António Ferro (futuro director do “SPN - Secretariado de
Propaganda Nacional”) de as «grandes trágicas do silêncio»: Francesca Bertini, Lydia Borelli e Pina
Menichelli. Deusas mudas da nova arte das plateias, celebrizariam o animatógrafo que viria a ser
rapidamente o grande rival do teatro. Entre 1915 e 1920, milhares de espectadores formaram filas
intermináveis nas bilheteiras do “Olympia” e do “Teatro Politeama” para verem as «suas» estrelas. O
espectáculo do animatographo em Lisboa tinha nascido no “Real Colyseu de Lisboa” na Rua da Palma,
em 18 de Junho de 1896, mas foi entre a Rua das Portas de Santo Antão e a Rua dos Condes que os
lisboetas veneraram as primeiras divas.
O “Olympia”, com uma programação dedicada às cinematografias francesa e dinamarquesa, atraía
multidões. Foi também palco de interesse para os intelectuais lisboetas que ali assistiam a matinés
teatrais. Entre 1917 e 1918, a programação desta sala dividia-se do seguinte modo: às segundas e
quartas para matinés infantis, um verdadeiro oásis para os espectadores mais pequenos com os quais,
antes, ninguém contara e com programas apropriados tanto de écran como musical; quintas, sábados e
domingos para os grandes filmes; às terças e sextas, decorriam as matinées de arte.
Recordo que do outro lado da Rua dos Condes se encontrava o “Theatro da Rua dos Condes”,
inaugurado a 23 de Dezembro de 1888, e que a partir de 1915 se torna, também, em animatógrafo
passando definitivamente a “Cinema Condes” em 1916, pelas mãos de José Martins Castello Lopes. Ao
lado do “Cinema Condes”, e na mesma rua seria inaugurado em 21 de Setembro de 1927 o cinema
“Odéon”.
Voltando ao “Olympia”, de referir que a par da qualidade da sua programação, tinha fama a sua
orquestra privativa, um sexteto musical que acompanhava os filmes mudos. Os músicos exibiam-se
também durante os intervalos, com verdadeiros concertos.
«A importância que o Olympia viria a assumir no quadro do espectáculo cinematográfico da Lisboa de
então é das mais significativas, facto digno de destaque, por bem merecido. Sobretudo essa relevância
torna-se francamente notória a partir de 1916 pelo dinamismo imprimido à sua exploração através das
mais variadas e interessantes iniciativas em que o aspecto cultural, para além do critério meramente
cinematográfico, embora por vezes, dele consequência directa, se apresentava, como dissemos, de
significado muito especial, o que não se observava nas salas então suas concorrentes.» citações de M.
Félix Ribeiro.
Referem-se várias iniciativas, então inéditas em Portugal, e que demonstram um profundo conhecimento
de algumas das regras básicas da publicidade e do "marketing" ("avant la lettre"). Por exemplo, a criação
de "matinées" infantis, «um verdadeiro oásis para os espectadores mais pequenos com os quais, antes,
ninguém contara e com programas apropriados tanto de écran como musical», como acentuava a
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