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NENHUMA PALAVRA

              os ventos suspiram aos versos
              e beijam ternamente as folhas do arvoredo

              o licurizeiro trança suas muitas ramagens
              na boniteza do solo agreste da palavra

              borboletas multicor valseiam feito fuxicos vividos
              entre marmeleiros e araçazeiros

              lagartas floridas se enrabicham
              nas veredas dos galhos de uma imponente mangueira
              um ipê amarelo florescente se exibe
              no alto de um pequeno morro

              o sol delicadamente deita sua franja
              sobre um horizonte distante

              o cajueiro em orgia descabida
              embeleza esparsos quintais

              a abelha em voos divinais e rasantes
              ensina sobre a beleza de ser leve
              sem dizer nenhuma palavra




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