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A gravura seguinte, de que não se conhece a data, mas é
certamente de finais do século XIX, mostra uma vista do rio Lis
a partir do monte de S. Miguel. Sendo o gravador Francisco
Pastor, podemos datar a gravura por volta de 1875, cor-
respondendo aos últimos anos em que existia ainda o cemitério
atrás da Sé.
De notar justamente o cemitério, fundado em 1798 e que,
segundo o Prof. D outor Francisco Queiroz, teria jazigos a partir
de 1835, deixou de desempenhar as funções para que foi criado
pelo bispo D. Manuel de Aguiar, a partir de 1872, pelo que foi
pouco a pouco desmontado.
Chamamos a atenção para o terreno cultivado representado É gravador Francisco Pastor (Alcoi, Espanha, 1850 – Rio
no lado direito da gravura (e que se encontra igualmente na de Janeiro, 1922), gravador afamado ao qual se devem múltiplos
planta de 1816) que deveria pertencer ao Convento de S. Fran- retratos de personagens da vida política, intelectual e social das
cisco, bem como para as duas pontes sobre o rio. últimas décadas do século XIX e das primeiras do século XX.
Foi autor dos primeiros postais ilustrados editados em Portugal
e ilustrou diversas obras, entre as quais a tradução para
português de «D. Quichote da Mancha», de D. José Cárcomo
Lobo. Em Madrid foi discípulo do gravador Severini, que também
trabalhou em Portugal. Pastor estabeleceu-se em Lisboa no ano
de 1873 com uma oficina de gravura voltada para a produção de
matrizes para a imprensa periódica. Trabalhou para o «Diário
Illustrado», foi diretor artístico do «Correio da Europa» e editou
o «Almanach Illustrado» e a «Semana Illustrada». Em 1921, foi
ao Brasil em missão de propaganda do «Correio da Europa»,
tendo falecido no Rio de Janeiro, em 1922.
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