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Patrimonium - 13
Inauguração da exposição “Mulher do Mar” 7 Abril
O papel da mulher na comunidade piscatória de Peniche
Na transição para o século XX a comunidade piscatória de Peniche vivenciou um conjunto de
transformações na sua estrutura económica e na organização social que permitem compreender a
mulher enquanto força de trabalho e peça fundamental para a sobrevivência familiar.
A industrialização da pesca, a fixação da indústria conserveira e os movimentos migratórios
internos determinaram o espaço da mulher no mercado de trabalho no sector das Pescas. A mulher
desempenhava uma diversidade de funções, acumulava as tarefas domésticas com as atividades
relacionadas com a pesca em terra, na elaboração das redes, na conservação e venda do pescado e
na indústria de conservas de peixe. A grande maioria das mulheres tecia as famosas rendas de bilros
de Peniche que, nesta altura, alcançam o reconhecimento pela qualidade técnica e artística.
O fim da sazonalidade da pesca e a prosperidade da economia local, resultante da pesca da
sardinha e da fixação da indústria de conservas de peixe,
estiveram na origem dos fluxos migratórios de muitas
famílias do litoral norte, centro e sul para Peniche.
Na transição do século XIX para o século XX as
alterações na Ria de Aveiro estão na origem da migração
de famílias de pescadores de Ílhavo e da Murtosa.
A fábrica de conservas de peixe de Júdice Fialho
instalou-se em Peniche, em 1915, dando origem à
migração de mulheres algarvias que vieram trabalhar
como operárias fabris. O papel da mulher na comunidade
piscatória de Peniche revela dinâmicas sociais e culturais
que resultam
d e s t e
f enómeno
migratório que
marcou os anos
de maior
prosperidade
da Pesca.
(fotos Patrimonium)