Page 256 - Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE _CBPR
P. 256
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
portanto sem aspiração de líquido importante. O termo “afogado seco” muito utilizado no
passado foi recentemente extinto da nomenclatura, já que todos os afogados aspiram al-
guma quantidade de liquido.
9. Classificação de Afogamento
A classificação clínica de afogamento é baseada em estudo retrospectivo de
41.279 casos de resgates na água, registrados por guarda-vidas no período de 1972 a
1991. Deste total, 2.304 casos (5.5%) foram encaminhados ao CRA. Os 38.975 casos
restantes não necessitaram de atendimento médico e foram liberados no local do acidente
com o diagnóstico apenas de resgate sem afogamento. Dentre o total de 2304 casos ava-
liados, a classificação foi baseada em 1831 casos que apresentaram uma mortalidade de
10.6% (195 casos). Considerando a avaliação destes parâmetros clínicos, e a demonstra-
ção de sua diferente mortalidade, apresentamos no algoritmo 1 um resumo prático de seu
uso que esta de acordo com o último consenso de Suporte Avançado de Vida (ACLS) da
“American Heart Association”(AHA) de 2000.
A classificação de afogamento leva em consideração o grau de insuficiência respi-
ratória que indiretamente esta relacionado a quantidade de líquido aspirado, determinan-
do a gravidade do caso. A parada respiratória no afogamento ocorre segundos até minu-
tos antes da parada cardíaca. O quadro clínico do afogamento é altamente dinâmico, com
piora ou mais freqüentemente com melhora clínica, seguindo-se um período de estabiliza-
ção com uma fase de recuperação mais lenta. A classificação do grau de afogamento
deve ser feita no local do acidente. Embora nem sempre possível, esta conduta demons-
tra a real gravidade e indica a terapêutica apropriada e o prognóstico mais preciso. A pre-
sença de patologia pregressa ou associada(afogamento secundário) representa um fator
de complicação na hora de classificar o grau de afogamento e deve ser bem avaliada.
A gasometria arterial não é considerada na classificação, embora seja um exame
complementar de extrema valia como veremos adiante. A hospitalização deve ser indica-
da em todos os graus de afogamento de 2 a 6 (ver algoritmo 1 – ACLS em afogamento) .
Como a classificação é muito importante para profissionais que trabalham na cena do aci-
dente como Técnicos em Emergências Médicas (TEM), socorristas, guarda-vidas, guar-
diães de piscina ou leigos que necessitem ou queiram aprender sobre primeiros socorros
em afogamento apresentamos o algoritmo 2 em linguagem mais simples para o Suporte
Básico de Vida em afogamento (BLS).
Para os casos grau 6 ressuscitados com êxito. Em todos os casos de afogamento
em que o lazer na água precede o quadro de afogamento em algum tempo ocorre Hipo-
termia.
- 273 -