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EXPOSIÇÃO
Alguns Comprou uma boneca
de silicone que se
japoneses tornou – ele garante – Fotos: Behrouz Mehri / AFP
o amor de sua vida.
descobriram
a mulher
perfeita, de
silicone!
Quando o fogo da paixão se apagou definitivamente
entre ele e sua esposa, Masayuki Ozaki tomou uma
decisão curiosa para preencher seu vazio.
cado de mulheres de plástico, às quais veste como soldados.
Creditos: A Notícia é do: G1
Uma atividade artesanal.
om tamanho natural e aparência muito rea- Umas duas mil bonecas de silicone são vendidas
Clista, apesar do olhar perdido, Mayu divide no arquipélago, segundo profissionais do setor. Equipa-
sua cama na casa da família em Tóquio, onde também das com cabeça e vagina desmontáveis, custam 5,3 mil
moram sua mulher e a filha adolescente do casal. euros (algo mais que 6 mil dólares).
“Depois que a minha mulher deu à luz, deixamos de fa- “O que chamamos com pompa de ‘a indústria’ das
zer amor e senti uma profunda solidão”, contou à AFP este fisio- bonecas do amor é uma atividade artesanal de nicho”,
terapeuta de 45 anos. Li um artigo em uma revista sobre o tema escreve a antropóloga Agnès Giard, que em 2016
destas bonecas e fui ver uma exposição. Foi amor à passear em dedicou um livro a este fenômeno e sua história no Japão.
cadeira de rodas, põe perucas nela, a veste e dá joias de pre- As primeiras surgiram em 1981. A versão em silico-
sente. “Quando minha filha entendeu que não era uma Barbie ne, depois em vinil e em látex, é do ano 2001. “A tecnologia
gigante, ficou com medo e achou nojento, mas agora já é sufi- fez grandes progressos desde as horríveis bonecas infláveis
cientemente crescida para dividir a roupa com Mayu”, explica. dos anos 1970”, explica Hideo Tsuchiya, diretor da Orient
‘É humana’ Industry, um dos fabricantes japoneses. “Agora têm uma
“As mulheres japonesas têm o coração duro”, recla- aparência incrivelmente autêntica e você tem a sensação
ma, enquanto passeia com a boneca por uma praia. São de tocar pele humana. Cada vez mais homens as compram
muito egoístas. Sejam quais forem meus problemas, Mayu, porque têm a impressão de poder se comunicar com elas”.
ela, sempre está aqui. Sou louco por ela e quero estar sempre Já no século XVII, em histórias de ficção citadas por
com ela, que me enterrem com ela. Quero levá-la ao paraí- Agnès Giard, homens encomendavam a artesãos bonecas
so”. Assim como ele, muitos homens no Japão possuem este que se pareciam com a sua amada, da qual o destino os tinha
tipo de bonecas, chamadas “rabu doru” (boneca do amor), separado. Longe destes relatos românticos, Riho, a mulher de
sobretudo viúvos e portadores de deficiência, e não as veem Ozaki, tenta não pensar no ser artificial que ocupa o quarto
como meros objetos sexuais, mas como seres com alma. do marido.
“Meu coração bate a mil por hora quando volto para casa “Eu me limi-
com Saori”, garante Senji Nakajima, de 62 anos, enquanto to aos trabalhos do-
vai fazer piquenique com sua companheira de silicone. mésticos”, diz, com
“Nunca me passaria pela cabeça enganá-la, nem lágrimas nos olhos:
com uma prostituta, porque para mim ela é humana”, “o jantar, a limpeza,
explica este empresário, casado e pai de dois filhos. Pri- a roupa”.
meira vista”, suspira Ozaki, que leva Mayu para Yoshitaka
Hyodo, blogueiro de 43 anos, tem mais de dez dessas bo- Os japoneses
necas. Ele também tem uma namorada, de carne e osso, descobriram
aparentemente bastante compreensiva. a mulher
“Agora é mais para se comunicar em um nível emocio- perfeita, de
nal”, afirma este homem, também fã de objetos militares, cer- silicone!
16 JUNHO/AGOSTO DE 2017 | REVISTA IMPACTO