Page 47 - A LÍNGUA PORTUGUESA NA CIBERCULTURA C.
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Do simples hábito de contar histórias o homem agora tem necessidade de
buscar no mais profundo da sua intimidade narrativas que o desvende, que o
desvele, que o explique e com elas ele tece sua identidade, que para ser tecida,
construída necessita do outro para constituir-se como sujeito na pós-modernidade,
em que nossas identidade são fluídas. Bauman (2005, p. 17) afirma que “a noção
de identidade, bem como o pertencimento não são sólidos como uma rocha, não
são garantidos por todo uma vida, são na verdade bem negociáveis e podem se
tornar nulos”. Ele ainda defende que “as decisões, as rotas e a maneira de agir do
indivíduo e sua firmeza em relação a tudo isso são determinantes para a questão
da identidade e do pertencimento”.
Nessa perspectiva, é muito importante que professores e educadores estejam
aptos a discutir esses temas em sala de aula para levar os alunos a uma reflexão
sobre a exposição da intimidade e sobre os problemas ocasionados pela
navegação excessiva nos ciberespaço. Nesse livro queremos não só analisar os
aspectos positivos do ciberespaço e da cibercultura, mas também fazer uma
análise crítica dos temas. Não podemos ser ingênuos e pensar que tudo que é
realizado no ciberespaço é bom. Lévy (2010, p. 12) afirma que pensar assim “seria
tão absurdo quanto supor, que todos os filmes sejam excelentes”.
O que propomos é que estejamos abertos para analisar esse movimento que
surge com a interconexão mundial de computadores, que busquemos compreender
como ele tem afetado nosso modo de ser, viver, estar no mundo e produzir cultura.
O rápido avanço do ciberespaço também trouxe para a comunidade mundial alguns
problemas. Lévy cita alguns desses problemas:
a) Formas de isolamento e de sobrecarga cognitiva (estresse gerado pelo
excesso de comunicação e de horas diárias dispensadas em frente ao
computador);
b) Formas de dependência (vícios de todas as matizes: em jogos, em bate-
papos, em redes sociais, em comunidades virtuais);
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