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FRAGMENTA HISTORICA                     Cristóvão Mendes de Carvalho  ‐ História de um alto
                                                            magistrado quinhentista e de sua família

                  Mateus Mendes de Carvalho e sua             o vice-rei da Índia D. João de Castro,
                  2ª  mulher,  em  testamento  de  mão        sobre o contracto da pimenta.
                                                                                         480
                  comum  de  7.6.1589 ,  instituíram          Mateus Mendes de Carvalho casou a
                                   473
                  a capela de Nossa Senhora da                2ª vez cerca de 1572 no Porto  com
                                                                                      481
                  Conceição na igreja do mosteiro de          D. Maria Rangel (b) , n. em Outubro
                                                                             482
                  São Francisco do Porto, com o encargo       de  1545,  ib ,  e  fal.  a  22.4.1626,  ib
                                                                       483
                  perpétuo  de  103  missas  anuais,  a       (São Nicolau) ,  sendo  sepultada
                                                                         484
                  celebrar no altar de Nossa Senhora da       na  sua  capela  da  Conceição,  no
                  Conceição,  onde  seriam  sepultados,       mosteiro de São Francisco desta
                  pela  esmola  de  5.200  reais,  para  o    cidade.  Teve o vínculo da quinta de
                                                                    485
                  que lhe vincularam certas rendas e          Vila  Boa,  que  sua  mãe  lhe  instituiu
                  casas na Rua Nova do Porto e vários         em dote.   Era  filha  do  Dr.  Duarte
                                                                     486
                  foros em Santa Marinha de Vila Nova         Carneiro  Rangel,  do  Conselho  de
                  de  Gaia.  A  viúva  D.  Maria  Rangel      D.   Sebastião ,   desembargador
                                                                          487
                  viria a dar concretização à instituição     do Paço ,  presidente  da  Relação
                                                                     488
                  testamental   a    11.8.1616.               da  Índia ,  etc.,  e  de  sua  mulher
                                              474
                                                                     489
                  Entretanto,  surgiram  dúvidas  sobre       Beatriz  Carneiro,  que  compraram  a
                  a posse do carneiro que Mateus              dita  quinta  de  Vila  Boa  ou  do  Paço
                  Mendes  de  Carvalho  mandara  fazer        de  Pombal.  A  8.12.1552,  Gaspar
                  na capela da Conceição e só em 1614         de  Couros,  tabelião  do  público  na
                  o mosteiro de São Francisco firmou a        cidade do Porto e seu termo, fez uma
                  Maria Rangel a posse privada do dito        procuração  pela  qual  João  Álvares
                  carneiro, para sempre, mediante um          de Osouro (Ozorio) ,  cavaleiro
                                                                                490
                  entendimento em que o seu herdeiro          fidalgo  da  Casa  d’el-rei,  morador  na
                  lhes daria 100 cruzados de esmola.          quinta da Taipa, do termo da cidade
                                              475
                  Casou  a  1ª  vez  cerca  de  1556  em      de  Lamego,  vendia  o  seu  quinhão
                  Lisboa  com  D. Inácia Florim de
                  Almeida (a) , n. cerca de 1540, filha   480  ANTT, Corpo Cronológico, p. 1, mç. 77, nº 42.
                           476
                  do Dr. Pascoal Florim, juiz de fora de   481  Casou certamente na freguesia de São Nicolau, onde
                  Lagos , desembargador e chanceler-  os assentos de casamento só começam em 1583.
                      477
                                                          Irmã  de  António  Pamplona  Carneiro  Rangel,
                                                      482
                  mor da Índia , etc. Deste Dr. Pascoal   sucessor,  de  Jerónimo  Carneiro  Rangel  e  de  Duarte
                            478
                  Florim há duas cartas de 1529 para D.   Carneiro  Rangel.  Estes  dois  últimos  embarcaram  na
                  João III  e uma de 30.11.1545 para   Armada  da  Índia  de  1571  (vide  “Ementa  da  Casa  da
                        479
                                                      Índia:  Manuscrito  da  Biblioteca  Central  da  Marinha”,
           referido  como  João,  mancebo  solteiro,  filho  bastardo   2010, ob. cit., p. 89).
           de  António  Pamplona  Carneiro  Rangel  de  Vila  Boa.   483  Informação bibliográfica que não é possível confirmar,
           Um outro bastardo de António Pamplona (e de Maria   pois faltam para esta cronologia os paroquiais de São
           Gonçalves)  foi  Duarte  Carneiro,  que  embarcou  na   Nicolau, freguesia onde terá sido baptizada.
           Armada da Índia de 1593.                   484  ADPRT, Paroquiais do Porto.
           473  ADPRT, Notarial do Porto, tabelião Nicolau Velho.  485  Conforme se diz no óbito do filho.
           474   ADPRT,  Notarial  de Vila  Boa que Quires,  tabelião   486  Conforme referido por vários autores. Não encontrei
           António Sanhudo.                           este documento.
           475  Rui Moreira de Sá e Guerra, in "O Tripeiro", ano V,   487  ANTT, Chancelaria de D. Sebastião, P., Liv. 6, fól. 265.
           p. 371.                                    488  ANTT, Chancelaria de D. Sebastião / D. Henrique, M.,
           476  Irmã de Pascoal Florim de Almeida, capitão-mor de   Liv. 20, fól. 478v.
           Moçambique.                                489  ANTT, Chancelaria de D. Sebastião / D. Henrique, M.,
           477  ANTT, Chancelaria de D. João III, M., Liv. 30, fól. 160v.  Liv. 27, fól. 194.
           478   Dele  diz  o  vice-rei  da  Índia  D.  João  de  Castro  em   490   João  Álvares  de  Ozorio  casou  com  Filipa  Cardoso,
           carta ao rei D. João III: Pascoal Florim, que eu meti no   filha de Nuno Cardoso, morgado da Taipa, s.g. Era neto
           desembargo por maus conselhos que me deram, é coisa   sucessor de D. João Lopes de Ozorio e de D. Guiomar
           perdida  (Luís  de  Albuquerque,  “Cartas  de  D.  João  de   da  Cunha  (de  Portocarreiro),  e  irmão  de  Guiomar  da
           Castro a D. João III”, 1989, p. 109).      Cunha (de Portocarreiro), que ficou sucessora, de quem
           479   Ambas  como  juiz  de  fora  de  Lagos  (ANTT,  Corpo   descendem os Cunha Coutinho Ozorio de Portocarreiro,
           Cronológico, p. I, mç. 43, nº 36; e mç. 44, nº 15).  do palácio da Bandeirinha, no Porto.

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