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to de compostagem comunitária desenvolvido na vila
Mariana (São Paulo-SP). Em 2019, o projeto iniciou
com uma oficina-mutirão e prosseguiu se sustentando
pela contribuição dos vizinhos, que destinam seus resí-
duos orgânicos para alimentação de uma composteira
termofílica . A prefeitura também dá sua contribuição
doando a serrapilheira (material de poda de árvores
triturado). Atualmente, o projeto conta com três com-
posteiras instaladas em espaço público e o composto
(recurso agrícola de alto valor resultante da compos-
tagem) é utilizado para adubar as árvores do bairro e
uma horta com ervas e temperos, que foi criada em
paralelo ao processo de compostagem.
Para aproximar essas experiências à nossa própria
realidade, imagine se a região em que você mora ou
os espaços que você percorre todos os dias, ofereces-
se-lhe a oportunidade de apreciar uma bela horta co-
munitária, áreas públicas arborizadas com vegetação
típica do seu bioma, espaços de incentivo à leitura e à
participação no mundo das artes, contemplando dan-
ça, música, teatro e pintura.
Há quem diga que pensar assim é devaneio, mas
se você parar para refletir, isso é puro direito social,
embora isso prospere em passos lentos. Entretanto, é
justamente neste contexto que rivalizam o sentimento
de descrença e as garantias de direito à educação e à
cultura. Ainda que não esteja tão claro para todos os
cidadãos, é necessário que esse patamar de consciên-
cia sobre os direitos sociais seja transformado tanto
na geração atual quanto nas que virão.
Toda essa noção de transformação em rede é im-
portante para compreendermos que a proposta não
pode ser meramente estética, mas fundamentalmente
crítica e atitudinal. Isso significa dizer que as experi-
ências ecobairro, assim como as práticas de Educação
Ambiental, não se resumem apenas na aparência (na-
quilo que se vê) ou no discurso (naquilo que se profe-
re), mas compreende uma mudança efetiva de postura
e de pensamento sobre o que, de fato, está acontecen-
do com o nosso meio ambiente.
Portanto, o debate socioambiental é (e sempre será)
um processo educativo necessário para estimular as pes-
soas a refletirem, desde a dimensão local, sobre qual é a
sua contribuição para manter ou transformar o cenário
à sua volta, sobretudo, a saberem como agir diante dos
problemas socioambientais diariamente anunciados.
A essência das experiências ecobairro consiste
em propor ações equilibradas para que a sustentação
emerja dentro de uma dinâmica sistêmica de peque-
nas e importantes práticas, que começa a partir da-
quilo que você acredita que pode ser transformado
para melhor. Isso somente ganha força no movimento
coletivo à medida que a comunidade se posiciona e se
compromete a fazer alguma coisa.
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