Page 135 - REVISTA MULHERES EDICAO 28 JUN 23 (1)_Neat
P. 135
MODA BOA turas e vivenciou diversas mudanças. Agora, é a
Reginaldo tem contato com diferentes cul-
era do consumo consciente. “Antes, as pessoas
compravam enlouquecidamente. Hoje, não. Elas
É MODA elas querem saber o que está por trás da fabrica-
compram só o que precisam”, conta. Além disso,
ção. A marca se preocupa com as questões am-
bientais? Cuida da saúde dos funcionários? Faz
uso de trabalho análogo à escravidão? Todas as
DEMOCRÁTICA respostas influenciam nas aquisições e na repu-
tação das empresas.
Por isso, é tão importante entender o com-
portamento social para administrar os negócios.
“Não é estimular a venda, mas sim fazer com que
as pessoas descubram seus verdadeiros prazeres
naquilo que elas podem pagar e têm condições
de usar”, explica. Quando o cliente está indeci-
so, a dica é fazê-lo encontrar o próprio estilo. A
descoberta é fundamental para uma mudança
de vida. “Já percebeu que tem gente que en-
tra numa loja, experimenta tudo e fala que não
achou nada do seu agrado?”, indaga. Quem se
conhece não perde tempo e não age desse modo.
O consultor com Julia Tahan, uma das convidadas do evento
que ele participou em Uberaba
A MODA É REGIDA POR MOVIMENTOS
Se tem algo que não para nunca é a moda. Ela se transforma ao longo dos tempos e um dos movimentos de
destaque é o “See now, by now” (tradução livre: Veja agora, compre agora). Em outras décadas, as lojas recebiam
uma só coleção para o ano inteiro. Atualmente, a cada quinze dias tem novidades. Se alguém viu uma bolsa, por
exemplo, e se interessou por ela, é preciso comprar agora, pois daqui a alguns dias já não será possível saber se
ela ainda estará no estoque. É melhor comprar do que ficar sem.
Outro movimento que o empresário viu, aliás, fez acontecer foi o plus size. “Se voltarmos uns 20 anos, quem
engordava não encontrava roupas”, relata. Em um de seus trabalhos, precisou atender uma loja que comercializa-
va tamanhos maiores. Ele se viu em apuros ao perceber que não havia ninguém no casting pra vestir. ‘Colocar uma
peça 44 num corpo 38 ficaria horrível’, pensou. A estratégia foi ampliar o campo de visão. “Vi uma panfleteira com
as medidas ideais e a convidei para desfilar. Ela aceitou e ainda chamou quatro amigas”, lembra. A nova modelo
viu naquela oportunidade uma forma de empreender e criou a primeira agência de plus size do Brasil. Mais lojas
e centros comerciais perceberam o potencial do mercado e realizaram investimentos.
Não para por aí! Em uma palestra em Londres (Inglaterra), o consultor conheceu a ex-atleta de tênis em ca-
deira de rodas da seleção brasileira Samanta Bullock. Ela lhe confessou que não sentia mais as pernas e, por isso,
tinha dificuldade de usar lingeries. Ir ao banheiro era um verdadeiro problema! Reginaldo ‘ficou com essa histó-
ria na cabeça’ e, ao voltar ao Brasil, ligou para uma cliente empresária. O contato foi um pontapé inicial para o de-
senvolvimento de uma coleção inclusiva em collab com as marcas Brasileña Lingerie e SB Shop (essa pertencente
à Samanta). O lançamento foi um sucesso! As peças se esgotaram em tempo recorde. “Levanto bandeiras porque
qualquer um pode engordar, adoecer e envelhecer e mesmo assim tem direito à dignidade e felicidade”, pontua.
O FUTURO É PRA JÁ
O empresário participa de um grupo que estuda o futuro do segmento. “A moda será compartilhada, assim
como é o Airbnb e o Uber e complementada com a ampliação dos brechós. Afinal, é assim que teremos uma moda
circular e sustentável com novos usos e destinos para cada produto.”
134 - Mulheres Ed. 28 Mulheres Ed. 28 - 135
Mulheres Ed. 28 - 135