Page 12 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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Introdução                                                7

                     Pôr em prática o que acima ensinamos provavelmente
             exporá o pregador à acusação de ser ele um vira-casaca. Mas
             que importa, se ele tiver a aprovação do seu Mestre? Não se
             exige  que  ele  seja  “coerente”  consigo  mesmo,  nem  com
             quaisquer  regras  elaboradas  pelos  homens;  seu  dever  é  ser
              “coerente”  com  as  Escrituras  Sagradas.  E,  nas  Escrituras,
             cada  faceta  da Verdade  é  contrabalançada por  algum  outro
             aspecto da Verdade.  Há dois lados  em tudo,  até mesmo  no
             caráter de Deus, pois Ele é  “luz”  (1  Jo  1.5),  mas também é
              “amor”  (1  Jo  4.8).  E,  por  essa  razão,  somos  exortados  a
             considerar “a bondade e a severidade de Deus”  (Rm 11.22).
             Pregar sempre um lado e excluir o outro é deformar o caráter
             divino.
                     Quando  o  Filho  de  Deus  se  encarnou,  assumiu  no
             mundo  a  “forma  de  servo”  (Fp  2.7);  entretanto,  na
             manjedoura, Ele era “Cristo, o Senhor” (Lc 2.11)! Dizem as
             Escrituras:  “Levai as cargas uns dos outros” (G1 6.2), mas o
             mesmo capítulo insiste: “Cada um levará o seu próprio fardo”
             (G1 6.5).  Exortam-nos que não devemos nos inquietar com o
             dia de amanhã (Mt 6.34); porém, “se alguém não tem cuidado
             dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado
             a fé e é pior do que o descrente” (1 Tm 5.8). Nenhuma ovelha
             do  rebanho de  Cristo perecerá (Jo  10.28,29);  no entanto,  a
             ordem dada aos crentes determina:  “Procurai...  confirmar a
             vossa  vocação  e  eleição”  (2  Pe  1.10).  Assim,  poderíamos
             continuar  multiplicando  as  ilustrações.  Essas  coisas  não
             são  contradições,  pois  se  complementam  mutuamente:
             uma  contrabalança  a outra.  Desta  forma,  as  Escrituras  de­
             monstram tanto a soberania de Deus como a responsabilidade
             do homem.
                    Nesta obra, porém, nos preocupamos com a soberania
             de Deus, e, mesmo reconhecendo claramente a responsabili­
             dade  do  homem,  não  vamos  nos  deter  a  cada  página  para
             insistir nesse ponto;  ao contrário,  temos procurado ressaltar
             o  aspecto  da  Verdade  que  nestes  dias  está  sendo  quase
             universalmente  negligenciado.  Talvez  noventa  e  cinco  por
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