Page 135 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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                    Os pensamentos mencionados acima,  sobre a oração,
             são  frutos  de conceitos  mesquinhos  e inadequados  quanto  à
             pessoa de Deus. Deve ser óbvio que pouco ou nenhum consolo
             se pode alcançar em orar a um Deus que é como um camaleão,
             que  muda  diariamente  de  cor.  Que  encorajamento  poderia
             haver  em  elevarmos  diariamente  o  coração  a  um  ser  cuja
             atitude de ontem já não é a de hoje?  Que vantagem haveria
             em mandarmos uma petição a um monarca terreno,  se sou­
             béssemos ser ele tão mutável, que atende petições em um dia,
             somente para revogá-las no dia seguinte? Não é a imutabilidade
             de Deus nosso maior encorajamento para orarmos? Visto que
             Deus  não  sofre  “variação  ou sombra de mudança”  temos  a
             certeza de que seremos ouvidos. Mui correta foi a observação
             de Lutero:  “Orar não é vencer a relutância de Deus,  mas  é
             apropriar-se do beneplácito dEle”.
                    Isso nos leva a fazer algumas observações quanto ao
             desígnio da oração. Por que ordenou Deus que orássemos? A
             vasta maioria das pessoas responderia:  a fim de obtermos de
             Deus as coisas que necessitamos.  Mas,  embora este seja um
             dos  propósitos  da  oração,  não  é  o  principal,  sob  hipótese
             alguma.  Além disso,  esse ponto de vista considera a oração
             somente  pela  perspectiva  humana,  quando  há  tremenda
             necessidade de considerá-la pelo lado  divino.  Examinemos,
             portanto,  algumas das razões por que Deus nos mandou que
             orássemos.
                    Em primeiro e máximo lugar,  a oração foi instituída
             para que o próprio Senhor Deus  seja honrado.  Deus requer
             que  reconheçamos  que  Ele é,  de  fato,  “o  Alto,  o  Sublime,
             que  habita  a  eternidade”  (Is  57.15).  Deus  requer  que
             reconheçamos  o  seu  domínio  universal.  Quando  Elias  orou
            para que chovesse, reconheceu que Deus exerce controle sobre
             os  elementos  da natureza;  ao  orarmos  que  Deus  liberte um
            miserável  pecador  da  ira  vindoura,  reconhecemos  que  “ao
             Senhor  pertence  a  salvação!”  (Jn 2.9);  ao  suplicarmos  que
            Ele abençoe a pregação do evangelho até aos confins da terra,
            declaramos que Ele é quem rege o mundo ihteiro.
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